O desempenho das ações da Coca-Cola (KO) tem chamado a atenção dos investidores nos Estados Unidos. A ação recuou em todas as primeiras quatro sessões do ano, e o desempenho acumulado em 2021 é uma queda de 8,9 por cento. Enquanto isso, o índice da bolsa na qual ela está listada – o Dow Jones – registra ganhos de 1,42 por cento.
Em 2020 as ações da Coca-Cola (KO) fecharam em alta de 2,5 por cento, um pouco abaixo do Dow Jones, que valorizou 7,25 por cento.
Apesar da solidez do balanço da Coca-Cola e da imensa diversificação geográfica das suas operações, os seus resultados foram afetados de maneira relevante pela pandemia. A queda da receita durante os nove primeiros meses do último ano foi de 13,4 por cento na comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado operacional medido pelo Ebit recuou menos: 9 por cento.
E Eu Com Isso?
Não há nenhum fato relevante associado à Coca-Cola neste início de ano. Nem sempre há uma explicação racional capaz de explicar movimentos de curto prazo. Contudo, dois fatores podem ter corroborado com este descolamento do desempenho com o índice correspondente.
O primeiro deles é o aumento de casos de Covid-19 nos Estados Unidos, e que é visto como um retardador na recuperação de volumes comercializados. Embora o consumo dentro de casa aumente devido às restrições de circulação, ele não é capaz de compensar totalmente a queda no canal fora de casa, além de oferecer margens um pouco menores devido ao mix de embalagens.
O índice setorial de bebidas e comidas da NYSE (DJUSFB) recua 2,7 por cento em 2021.
Os outros “pontos-base” poderiam ser creditados à revisão das projeções de quatro grandes instituições de análise nos Estados Unidos, que rebaixaram a Coca-Cola (KO) de outperform (desempenho acima da média do mercado) para neutro (desempenho em linha com o mercado) ou até mesmo underperform (desempenho abaixo do mercado).
Efeito-janeiro: o início do ano costuma ser de intensas realocações nas carteiras de investimentos, atualização de projeções e análises. No caso de Coca, os analistas têm embutido na conta a possível perda de processos tributários na ordem de 3,3 bilhões de dólares referente aos resultados entre 2007 e 2009.
Apesar destes fatores, seguimos otimistas com o caso de investimento, e acreditamos que o desempenho deve ser “normalizado” no médio prazo.
Independentemente do provável “adiamento” da recuperação integral dos volumes vendidos, a companhia tem acelerado a sua estratégia para o século, buscando um modelo mais enxuto (“asset light”) e com alto retorno sobre o capital. A queda do resultado operacional abaixo da queda de receitas nos 9M20 indica um caminho promissor, visto que a companhia conseguiu melhorar margens mesmo em um período com mix de canal de vendas/embalagens pior e menor alavanca operacional.