Na manhã desta quarta-feira (30), foi exonerado de seu cargo o diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, um dos principais acusados de pressionar servidores para acelerar a compra e importação da vacina indiana Covaxin, do laboratório Bharat Biotech.
A decisão foi tomada após nova entrevista veiculada à imprensa, em que um representante de outra companhia que ofertava vacinas, a Davati Medical Supply, afirmou que Roberto Dias teria cobrado propina de US$ 1 por dose de imunizante para fechar negócio.
O nome do diretor de Logística já tinha aparecido na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, por meio do depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e de seu irmão, Luis Ricardo Miranda.
Na ocasião, Luis Ricardo, que trabalha no mesmo departamento de Roberto Ferreira, afirmou que havia um esquema de corrupção envolvendo a compra da Covaxin e citou o nome do diretor.
Ferreira é apadrinhado do líder do governo na Câmara e ex-ministro da Saúde no governo Temer, o deputado Ricardo Barros (PP-PR).
A indicação ocorreu em 2019, no início do governo Bolsonaro e quando Luiz Henrique Mandetta era ministro da Saúde.
Barros utiliza o argumento de que não era próximo do governo, à época, para negar o apadrinhamento.
Nesta terça-feira, o governo anunciou também a suspensão das negociações para a compra das vacinas, obedecendo recomendação da CGU (Controladoria-Geral da União) e justificando a medida como “preventiva”, até que se apure eventuais irregularidades nos contratos.
Ao mesmo tempo, integrantes da CPI da Covid já convocaram o representante da Davati Medical Supply, que deve depor aos senadores ainda nesta semana.
E Eu Com Isso?
Faltando cerca de duas semanas e meia para o recesso parlamentar, a CPI da Covid deve ter ainda mais peso para os mercados a partir destes novos desdobramentos.
Ainda que não haja, concretamente, um escândalo de corrupção deflagrado, os indícios de irregularidades vão se acumulando, dando maior poder de fogo aos senadores integrantes da comissão.
No caso do líder do governo, Ricardo Barros, a pressão deve ser ainda maior, atrapalhando a articulação política do Executivo na Câmara em um curto prazo.
A tendência é que, havendo algum avanço nas investigações e com seu nome envolvido, o presidente Bolsonaro destitua o deputado do cargo de líder, a fim de se afastar desta novela.
A bolsa deve sentir os ruídos políticos no curto prazo e o pregão de hoje começa com grau adicional de cautela, à espera de novos sinais vindos de Brasília e do gabinete presidencial.
A notícia é levemente negativa para os mercados.
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