Na noite desta quarta-feira (20), a Vale (VALE3) divulgou um comunicado informando que assinou um acordo com a Mitsui & Co. para a saída da Mitsui da sociedade da operação de carvão em Moçambique e Malawi, na mina de Moatize e Corredor Logístico de Nacala (CLN).
O acordo faz parte do novo plano de negócios da Vale e está em linha com a nova estratégia ESG, marcando o início do desinvestimento nos negócios de carvão pela companhia. A Vale informou ainda que, enquanto busca interessados para os ativos, continuará com os projetos de ramp-up e melhorias nos ativos de carvão.
Já para o Brasil, o procurador-geral da república, Augusto Aras, se reunirá com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, nesta quinta-feira (21), para discutir e definir o acordo para os reparos e indenizações em Brumadinho (MG). Espera-se que o acordo seja fechado em uma audiência de conciliação com a Vale.
Por fim, a justiça de Minas Gerais determinou a prorrogação do auxílio concedido a famílias atingidas pelo desabamento da barragem da Samarco até o fim de 2021. O prazo final era até o final de junho deste ano. O benefício será pago com redução de 50 por cento do valor original a partir deste mês de janeiro.
E Eu Com Isso?
Acreditamos que a sequência destas três notícias é positiva para a Vale, com o impacto maior vindo da possível resolução do caso de Brumadinho. Esperamos uma reação levemente positiva no preço das ações da Vale (VALE3) no curto prazo, porém as oscilações das cotações de minério na China ainda tendem a ser o principal componente da variação de preços, com alta de 0,9 por cento nos preços dos contratos futuros de minério negociados na Bolsa de Dalian na China (164 dólares por tonelada).
O desinvestimento dos negócios de carvão faz sentido para a companhia, que vem buscando uma maior eficiência em suas operações, além do compromisso firmado com a agenda de sustentabilidade, mirando a redução de emissões de carbono, entre outras medidas de melhoria de governança. O movimento vai em linha com o realizado pela companhia nas operações de Níquel em Nova Caledônia (VNC), que historicamente vinha queimando caixa e recentemente sofreu com problemas pontuais, encerrando as operações.
A resolução do caso de Brumadinho, com um acordo sendo firmado entre o governo estadual de MG e a Vale também é positiva, na medida em que reduz as incertezas relacionadas aos potenciais ônus à companhia, evitando a resolução unilateral pela Justiça do Estado e o valor da indenização tende a ficar dentro da faixa já provisionada pela Vale no balanço.
Essa resolução tende a destravar um possível anúncio de dividendos extraordinários pela Vale, que já se tornou um dos pontos mais aguardados pelos investidores, de modo que a companhia saberá exatamente o desembolso necessário e a disponibilidade de caixa após o acordo.
No caso da Samarco, apesar da prorrogação ter um efeito negativo no fluxo de caixa da Vale, o desembolso é realizado de maneira partilhada com a sócia BHP, com um montante que será irrisório em comparação ao balanço da Vale (foram pagos 3,07 bilhões de reais desde o início até o fim de 2020), além da retomada das operações da Samarco que auxiliarão no pagamento desta prorrogação, de modo a não gerar efeitos relevantes para a Vale.