Carrefour Brasil (CRFB3) dobra aposta no atacarejo
O Carrefour Brasil (CRFB3) anunciou neste domingo (16), em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a compra de 30 lojas do Makro Atacadista no País. A operação foi efetuada por meio de seu braço Atacadão e totaliza 1,95 bilhão de reais.
O Carrefour pretende converter a bandeira das novas lojas para Atacadão num período de 12 meses após o término da transação, condicionada à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Das 30 lojas adquiridas, 22 são próprias e oito são alugadas. Além disso, a compra inclui 14 postos de combustíveis anteriormente administrados pelo Makro. As 30 lojas tiveram uma venda bruta de 2,8 bilhões de reais no ano passado e têm grande complementariedade geográfica com o Atacadão.
A companhia espera que a conversão aumente as vendas em mais de 60 por cento e que a estrutura de custos seja otimizada. Considerando a abertura de 20 novas lojas Atacadão em 2019, a operação representa uma aceleração equivalente a um ano e meio de expansão.
Esperamos impacto positivo no curto prazo para as ações do Carrefour Brasil (CRFB3) enquanto seu concorrente, Grupo Pão de Açúcar (PCAR4), pode ser impactado negativamente. A transação dobra a aposta do Carrefour no atacarejo, formato que mais cresce em vendas, tanto na companhia como em seu principal concorrente.
Com a transação, o Atacadão se expandirá principalmente no Rio de Janeiro (sete lojas) e no Nordeste (oito lojas). O movimento é o mais importante do Carrefour Brasil desde a aquisição do Atacadão em 2007. Com isso, a operação do Atacadão (Carrefour) fica bem maior que a operação do seu principal concorrente, o Assaí, atacarejo do Pão de Açúcar. Em termos de faturamento o Assaí (PCAR4) é cerca de 32 por cento menor do que o Atacadão (CRFB3) uma vez concluída a transação.
Enquanto isso, o Makro continuará operando suas 24 lojas em São Paulo que, apesar de mais lucrativas, ficaram de fora por questões de concentração geográfica. No Estado de São Paulo, o Makro faturou 3,5 bilhões de reais em 2019.
A aquisição tem um múltiplo implícito de EV / Receita Líquida de 0,8x ante 0,6x para as ações do Carrefour, atualmente sendo que a operação comprada pelo Carrefour deu prejuízo operacional em 2019. Além disso, como muitas dessas lojas são antigas, um investimento considerável deverá ser demandando.
Mais detalhes poderão ser divulgados durante a teleconferência a ser realizada no próximo dia 21, um dia após a divulgação de números do Carrefour Brasil referentes ao quarto trimestre de 2019.
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