BCs do Brasil e dos EUA colocaram a epidemia do coronavírus no mapa dos riscos
Covid-19. É a abreviatura, em inglês para coronavírus disease 19, ou doença do coronavírus 2019. O número explica-se pelo fato de a epidemia ter começado nos últimos dias do ano passado. O nome oficial foi definido na terça-feira (11) pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, a ideia foi criar um nome que não tivesse relação com lugares, pessoas ou animais.
Politicamente correta ou não, a nova denominação refere-se a uma doença cujas consequências para a economia ainda são imprevisíveis. Na manhã desta quarta-feira, autoridades chinesas disseram que o número de mortes em decorrência do coronavírus continua a subir. As vítimas fatais já são 1.113. Nas últimas 24 horas, houve mais 97 mortes e mais 2.015 contaminações confirmadas, elevando o total de infectados para 44.653 pessoas.
O impacto sobre a economia vem aumentando. As exportações australianas de minério de ferro para a China vêm sendo prejudicadas. Após descarregar o minério, as tripulações e os navios australianos que fizeram o transporte têm de passar pelo menos 14 dias em quarentena, para comprovar que não foram infectados pelo vírus. E exportadores de gás natural liquefeito de países como Qatar e Indonésia podem ter de enfrentar uma interrupção de suas exportações, devido à suspensão das atividades nas empresas chinesas que consomem o combustível.
A preocupação chegou às lideranças da economia. Na terça-feira (11), a ata da 228ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) citou o coronavírus como um fator a ser acompanhando. E, na tarde da terça-feira, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), disse que a epidemia pode expor a economia dos Estados Unidos a riscos maiores, e será preciso avaliar se os impactos serão relevantes e persistentes.
Os sinais de desaceleração no varejo e as declarações cautelosas dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos mostram que ainda há mais dúvidas do que certezas em relação às perspectivas. Apesar de a economia americana dar sinais de vigor, no Brasil os indicadores são menos pujantes. Mas o mercado segue em plena recuperação e teremos um dia positivo no Brasil e no mundo. Apesar do avanço do Coronavírus, já é possível ver um arrefecimento do crescimento da epidemia, após a província chinesa de Hubei informar um número menor de casos. Cada dia que se passa, fica claro que o vírus está mais longe dos temores iniciais do mercado.
INDICADORES – Na manhã desta quarta-feira, o IBGE divulgou a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), com o movimento do varejo nacional em dezembro. O resultado veio abaixo das expectativas. Segundo o Instituto, as vendas encolheram 0,1 por cento no último mês de 2019, ante projeções de um avanço de 0,2 porcento. O crescimento de 1,8 por cento no acumulado do ano veio em linha com as expectativas, embora tenha ficado abaixo do crescimento de 2,3 por cento em 2018 e de 2,1 por cento em 2017.
Boa parte da desaceleração ocorreu no setor de hipermercados, supermercados, alimentos, bebidas e fumo, onde o IBGE registrou uma queda de 1,2 por cento. Segundo o Instituto, essa atividade, que representa 44 por cento do movimento total do varejo, foi prejudicada pela alta dos preços da carne, que reduziu os negócios.
Segundo o IBGE, as vendas de dezembro de 2019 cresceram 2,6 por cento em comparação com o resultado de dezembro de 2018. As explicações são a presença de recursos adicionais na economia, devido à liberação dos saques nas contas do FGTS a partir de setembro e ao aumento na concessão de crédito à pessoa física. Segundo o IBGE, o comércio ainda não se recuperou totalmente da crise de 2015 e 2016, mas tem mostrado o melhor desempenho desde outubro de 2014.
Considerando o varejo ampliado, que inclui vendas de veículos, autopeças e material de construção, a desaceleração de dezembro foi 0,8 por cento.
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