Representantes de três dos principais bancos centrais do mundo devem fazer pronunciamentos nesta quarta-feira: Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Christine Lagarde, que chefia o Banco Central Europeu (BCE) e Andrew Bailey, que preside o Banco da Inglaterra. O desejo dos investidores é que esse trio esteja afinado e diga, cada um em seu microfone, que as medidas de estímulo monetário vão perdurar, apesar de alguns pontos da economia mostrarem sinais de aquecimento e até mesmo de alta dos preços.
O dia começa com Lagarde, que deve falar às 10 horas (horário de Brasília) e discorrer sobre as condições econômicas da Europa. Bailey fala no início da tarde. Mas as declarações mais esperadas são as de Powell. Na semana passada, os indicadores de emprego nos Estados Unidos vieram melhores do que o esperado. O número de pedidos de seguro-desemprego na semana até o sábado (06) foi de 779 mil, queda ante os 821 mil da semana anterior, e levemente melhor que o esperado. A criação de novas vagas em cargos não-agrícolas em janeiro (non-farm payroll) foi de 49 mil, em linha com as expectativas. Mesmo assim, o desemprego americano recuou para 6,3 por cento, ante os 6,7 por cento em dezembro.
Apesar de o desemprego ter recuado principalmente pela diminuição de americanos dispostos a procurar emprego, o indicador é positivo. A grande esperança dos investidores é que o Federal Reserve não tentará – e dirá claramente que não vai tentar – agir para impedir que o reaquecimento do mercado de trabalho afete a inflação.
Por isso, a grande esperança é que Powell, em seu pronunciamento previsto para a tarde desta quarta-feira, seja bastante didático e enfático dizendo que não vê o reaquecimento do mercado de trabalho e nem mesmo uma potencial alta de alguns preços da economia americana como potencialmente negativos.
Com algumas alterações, essa é a esperança para os pronunciamentos dos demais banqueiros centrais marcados para esta quarta-feira. Apesar dos estímulos monetários e fiscais sem precedentes terem injetado volumes inéditos de dinheiro nas economias, a recuperação dos níveis de atividade ainda não é notável nem garantido. Por isso, a gestão das expectativas por parte dos banqueiros centrais é essencial para manter o otimismo dos investidores e dos demais agentes econômicos.
Indicadores
As vendas do varejo caíram 6,1 por cento em dezembro na comparação com novembro, quando haviam recuado 0,1 por cento em relação a outubro. O resultado de dezembro foi a queda mais intensa para o último mês do ano de toda a série histórica, iniciada em 2000. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar dos resultados negativos nos últimos dois meses do ano, o acumulado de 2020 fechou com alta de 1,2 por cento em relação a 2019.
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros de Ibovespa estão iniciando o dia em uma leve queda, na contramão dos índices internacionais, em especial os contratos futuros do S&P 500 americano, que começam o dia com leve alta. A incerteza em relação ao auxílio e o número fraco de vendas do varejo devem pesar sobre o mercado.