Parece mesmo que a deterioração das relações entre o Legislativo e o Executivo vai continuar nas próximas semanas. Após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ir a público para se queixar sobre a obstrução da base governista em votações, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto (RCN) foi acionado para acalmar as partes envolvidas.
Preocupado com os efeitos negativos da paralisia da agenda no mercado financeiro, RCN pediu para que Maia e outros líderes da Câmara deixassem embates políticos de lado e focassem no avanço do ajuste fiscal. A conversa – supostamente reservada – acabou, porém, sendo divulgada à imprensa e deixou Maia insatisfeito. O presidente da Câmara publicou, em sua conta no Twitter, que o vazamento de “uma conversa particular” não estaria “à altura de um presidente de Banco de um país sério”, referindo-se ao próprio Roberto Campos Neto.
Campos Neto teria procurado Maia por receio de que o presidente da Câmara voltasse a se desentender com o ministro da Economia, Paulo Guedes. A tentativa de apaziguar os ânimos, entretanto, acabou surtindo efeito contrário, com as recentes declarações de Maia.
A conversa divulgada à imprensa, a bem da verdade, não mostra nenhuma novidade ou mesmo algo que pudesse comprometer a posição de alguma das partes envolvidas na conversa. Desse modo, o novo posicionamento de Maia pode refletir oficialmente uma postura mais hostil do presidente da Câmara para com o Planalto, pelo menos até o fim de seu mandato, no fim deste ano.
Evidentemente, a renovação de ânimos exaltados é negativa para o andamento da agenda legislativa, hoje tão cara ao mercado financeiro. Nesse contexto, as incertezas com relação às reformas econômicas e à manutenção da responsabilidade fiscal continuam bastante altas. O pregão de hoje pode ser contaminado negativamente pelo episódio, apesar de haver outras variáveis importantes no radar dos investidores.
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