As vendas em shopping centers em todo o país mostram sinais de recuperação mais firme neste terceiro trimestre, após o início da flexibilização dos horários de funcionamento em junho. Segundo dados do setor, as vendas do terceiro trimestre estão cerca de 26,5 por cento abaixo do período pré Covid-19 em 2019, ante 90 por cento registrados em abril, no auge do isolamento.
Essa recuperação se reflete nas operações dos shoppings, com os lojistas e as administradoras dos empreendimentos fechando contratos, reocupando espaços deixados vagos e, para os mais capitalizados, expandindo a atuação geográfica.
Segundo estimativas da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), cerca de 6 mil lojas, de 11 mil que ficaram vagas pelo encerramento permanente de atividades, já foram reocupadas neste período.
A Aliansce Sonae (ALSO3), maior grupo do setor no país com 39 empreendimentos, diz que já possui mais de 80 novos contratos em processo de assinatura desde agosto. Já a BR Malls (BRML3) conta com cerca de 120 novas operações e as propostas comerciais já estão 28 por cento acima do período pré-pandemia.
Apesar da recuperação, o índice de vacância está entre 8,5 por cento e 9 por cento atualmente, ante a faixa entre 4,5 por cento e 5 por cento no período antes da pandemia. A expectativa da Abrasce, porém, é que a vacância chegue a cerca de 7 por cento no fim do ano, impulsionada principalmente pela busca dos varejistas em se aproximar do consumidor e aproveitar o movimento de alta de vendas na Black Friday e Natal.
Os dados se mostram promissores para as administradoras de shoppings centers, que foi um dos setores que mais sofreram com o impacto do isolamento na pandemia. Esperamos uma reação positiva no preço das ações das empresas (ALSO3, BRML3, IGTA3, MULT3, JHSF3) do setor no curto prazo, com a preocupação em relação ao ritmo de retomada do movimento sendo aliviada.
Nesta retomada no ritmo de vendas, puxando a volta das ocupações dos lojistas, há um movimento de mudança no perfil dos lojistas. Os juros baixos têm feito novos investidores entrar nas praças de shopping centers por meio de franquias, pela atratividade do retorno potencial.
Segundo observações da empresa Cyrela Properties, que possui empreendimentos na região sudeste, há uma tendência das varejistas puramente online buscando espaços físicos para envio de seus produtos aos consumidores, que têm se mostrado mais rentável que o envio via centros de distribuição. Observa-se também a busca de marcas fortes em regiões fora de São Paulo buscando oportunidades de expansão no estado, praça mais cobiçada e economicamente ativa do país.
A empresa Multiplan (MULT3) observa nessa recuperação uma atualização do mix de lojas de acordo com a mudança de perfil de consumo dos clientes devido à pandemia, o que tem impulsionado também a volta da ocupação.
As empresas já relatam um movimento próximo ou até superior em algumas praças da região Norte e Nordeste, onde já estão liberados a operação pelo período de 12 horas, porém reclamam do ritmo de volta na região Sudeste, onde tem a maior concentração de empreendimentos, devido à restrição ainda em vigor no horário de funcionamento, com apenas 8 horas diárias permitidas.
Segundo as empresas, o tempo de funcionamento tem correlação direta com a volta das vendas e que a retomada do horário pleno de funcionamento no Sudeste seria o grande catalisador da recuperação total dos resultados do setor.