A divulgação da edição mais recente do Relatório Focus nesta segunda-feira (26) mostra uma mudança nas expectativas.
Não foi um movimento de ruptura. Ao contrário, foi um ajuste construído gradualmente, semana a semana. Porém, o Focus mostra que os prognósticos para a taxa de juros referencial Selic mudaram de patamar.
A projeção para dezembro deste ano subiu para 7,00%. Para comparar, eram 6,50% há quatro semanas, e 5,75% no início de junho.
Isso quer dizer que, na cabeça dos agentes econômicos consultados para a elaboração do Focus, o fim de 2021 terá uma política monetária contracionista.
Caso o Banco Central decida não contrariar a narrativa dessa entidade chamada mercado, é quase certo que isso fique claro em algum momento neste trimestre.
Em breve, em alguma das reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), a palavra “estimulativa” deixará de ser aplicada à política monetária.
Esse movimento de ajuste ainda não terminou.
Na sexta-feira (23), o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15), que é uma prévia do IPCA, indicou uma inflação de 0,72% em julho.
Esse resultado foi acima do esperado e indica uma inflação acima de 8% nos 12 meses até julho. Como o IPCA-15 e o IPCA são idênticos, com a única diferença sendo o período de apuração, é bastante provável que a inflação “oficial” siga muito acima da meta, obrigando o Banco Central a endurecer a política monetária por mais tempo e com mais firmeza do que o esperado anteriormente.
Isso terá um impacto profundo não apenas sobre a economia, como também sobre os ativos financeiros. É bastante provável que a alta dos juros demore um pouco para fazer a inflação retornar ao centro da meta.
Assim, tudo indica que teremos um cenário em que tanto as aplicações de renda fixa cujos rendimentos estejam vinculados ao CDI quanto aquelas de alguma maneira indexadas aos índices de inflação se tornem mais atrativas do que foram durante os últimos trimestres.
Indicadores
O ICC (Índice de Confiança do Consumidor) subiu 1,3 pontos em julho, para 82,2 pontos, maior valor desde outubro de 2020 (82,4 pontos).
Em médias móveis trimestrais, o índice subiu 3,2 pontos, segundo aumento após seis meses consecutivos de queda, informou a Fundação Getulio Vargas na manhã desta segunda-feira (26).
Segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas), a confiança dos consumidores cresceu pelo quarto mês consecutivo. Apesar da melhora das expectativas, os consumidores vem tendo dificuldade de recuperação financeira.
Isso é mais evidente nas famílias de menor poder aquisitivo. Elas vêm tendo mais dificuldade de obter emprego, organizar as finanças familiares e sofrem maior impacto do aumento dos preços principalmente dos alimentos.
E Eu Com Isso?
A semana começa com os mercados globais instáveis devido a um forte movimento de venda das ações chinesas. Os contratos futuros de Ibovespa começam o dia em leve alta e o mais provável é um comportamento positivo, em um cenário de volatilidade.
As notícias são positivas para a bolsa em um cenário de volatilidade.
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