Na quarta-feira (17), o Ibovespa fechou a 102,9 mil pontos. Foi o menor valor nominal desde 12 de novembro de 2020. Desde o início do ano, o principal indicador do mercado acionário brasileiro já amarga uma baixa de 13,5%. Em momentos como esse surge a pergunta: é hora de comprar?
Toda questão complexa tem uma resposta incrivelmente simples e provavelmente errada. Por isso, vamos analisar a pergunta mais detalhadamente antes de responder.
Aqui, na Levante Ideias de Investimentos, repetimos frequentemente que o Brasil não é a Suíça, mas também está longe de ser a Venezuela. Apesar de ainda ficarmos devendo em muitas coisas como país, não caminhamos aceleradamente para o abismo.
Não vamos arriscar uma análise sociológica nem política. Fiquemos apenas no campo empresarial. Podemos afirmar com certeza que os negócios funcionam no Brasil. Os bancos são sólidos, solventes, e podem captar dinheiro para conceder empréstimos sem que os investidores fiquem temerosos. As empresas são geridas de maneira racional – e as que não seguem essa regra são logo expulsas do mercado ou trocam de dono.
Apesar das dificuldades da infraestrutura, da burocracia paralisante e dos ataques periódicos de irracionalidade e irresponsabilidade do setor público, as companhias abertas e fechadas conseguem contratar pessoas, comprar insumos, elaborar produtos ou prestar serviços. E os acionistas têm seu capital remunerado por meio dessas atividades.
Essa situação em que o empreendedor empreende, a empresa opera e o acionista é remunerado parece tão corriqueira que nos leva a esquecer que em vários lugares não é assim.
Pensemos nas vizinhas Argentina e Venezuela, onde a atividade empresarial vem definhando há décadas. Se o empresário brasileiro inveja as condições de seu concorrente nos Estados Unidos ou em Cingapura, pense que há empreendedores latino-americanos ou africanos que olham desejosos para a moeda relativamente estável e para o Judiciário relativamente previsível (pelo menos nas questões entre entes dos setor privado) do Brasil.
Todo esse prólogo para responder que, sim, pode ser hora de comprar algumas ações específicas cujos preços caíram bastante devido aos últimos episódios de volatilidade.
O que contaminou os preços das ações foram causas bem conhecidas e já discutidas fartamente neste espaço. O aumento do risco de desequilíbrio fiscal elevou a percepção de risco e fez o real se depreciar bastante em relação ao dólar. Isso, aliado à alta dos preços dos combustíveis e à estiagem, elevou bastante os índices de inflação e obrigou o BC (Banco Central) a endurecer sua política monetária mais do que o esperado. Como resultado, os juros mais altos devem prejudicar o crescimento econômico em 2022. Esse cenário adverso faz piorar as expectativas e baixa as cotações.
Há ações de boas empresas que estão baratas em comparação às máximas de há poucos meses? Sim. Elas podem ficar ainda mais baratas, levando o investidor a ter de amargar uma desvalorização de seu patrimônio (e um prejuízo se vender)? Sim também.
Os resultados do 3T21 mostraram uma coleção de lucros recordes, apesar de os faturamentos terem crescido menos. Isso se deve à lição de casa feita por muitas empresas durante a pandemia, que foi uma oportunidade para repensar processos e reduzir custos.
Assim, a chamada alavancagem operacional, que é a possibilidade de a empresa melhorar seus resultados por meio de ganhos de eficiência, ainda deve render bons frutos por mais algum tempo. Pode ser que não vejamos novos recordes tão cedo, mas os números tendem a permanecer bons.
Por isso, a resposta à pergunta do título é sim, com uma ressalva. A “bolsa” é um universo amplo e diversificado. Alguns de seus participantes apresentam uma boa relação entre risco e retorno no longo prazo, apesar de os preços ainda estarem sujeitos à volatilidade devido à conjuntura. Outros, porém, são arriscados demais – ou por serem estatais ou por estarem em setores sujeitos a ameaças regulatórias ou mercadológicas. Para diferenciar o joio do trigo, você pode contar sempre com os profissionais da Levante Ideias de Investimentos.
Indicadores
A FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgou nesta quinta-feira (18) a segunda prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) de novembro. A inflação acelerou para 0,76% na segunda prévia de novembro, ante uma deflação de 0,03% em outubro. A aceleração do IGP-M foi puxada pelo IPA-M (Índice de Preços ao Produtor Amplo), que passou de deflação de 0,32% em outubro para alta de 0,77%.
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros do Ibovespa iniciam a sessão da quinta-feira com uma leve alta após a desvalorização da véspera. No entanto, o movimento dos preços pode apresentar uma volatilidade elevada devido às incertezas com a conjuntura.
As notícias são positivas para a bolsa em um cenário de volatilidade.
—
Este conteúdo faz parte da nossa Newsletter ‘E Eu Com Isso’.
—