*Artigo originalmente publicado no site Investing no dia 12/12/2018
Fim de ano. Chega o momento de fazer a tradicional retrospectiva 2018 e pensar nas resoluções de Ano Novo. Algumas pessoas são supersticiosas e acreditam que algumas simpatias podem trazer sorte e fortuna, como pular sete ondas ou ter uma nota de um dólar na carteira.
Encontro de sorte
Na minha última coluna do ano, vou contar uma história sobre a famosa vidente Mãe Dináh, que morava no meu prédio quando eu comecei a minha carreira de analista de ações.
Eu acreditava que encontrar a Mãe Dináh no elevador pela manhã saindo para o trabalho me trazia muita sorte no decorrer do dia. As minhas recomendações de compra subiam bastante e tudo parecia dar sempre certo.
A Mãe Dináh faleceu em abril de 2014 e uma das suas previsões para 2019 é a morte do apresentador Silvio Santos.
Ideias de investimento para 2019
Eu não tenho bola de cristal nem poderes de clarividência, mas pretendo aqui fazer três previsões para 2019 em relação a investimentos.
Estou falando de ideias não óbvias, fora da caixa e pouco convencionais.
O mercado financeiro procura sempre se antecipar aos principais eventos, se posicionar nos ativos com objetivo de ganhar com os movimentos esperados.
Previsão 1: Grau de Investimento
A minha previsão é que Brasil vai recuperar o grau de investimento no segundo semestre de 2019.
O Brasil recebeu a tão esperada classificação de risco grau de investimento pela Standard & Poor’s (S&P) em junho 2008. Infelizmente, o sonho acabou em setembro de 2015, quando a nota de classificação de risco do Brasil foi rebaixada pela mesma S&P e o país deixou o seleto grupo de países da primeira divisão de risco mais baixo.
Segundo um relatório do banco Credit Suisse, o tempo médio para a reversão de uma queda na classificação de risco de um país é de cerca de 33 meses (quase três anos).
A recuperação do grau de investimento do Brasil está muito ligada à reforma da previdência, ajuste fiscal, evolução da relação dívida líquida/PIB, aumento do nível dos investimentos e recuperação da economia.
Estou otimista e acredito que o pior já ficou para trás. O novo governo deve aprovar a reforma previdenciária no primeiro semestre de 2019. Se o Brasil fizer a sua lição de casa, poderá voltar a figurar entre os países mais seguros para receber investimentos.
A recuperação do grau de investimento tem tudo para trazer um grande fluxo de investidores estrangeiros para o Brasil. Eu já falei sobre o assunto na minha coluna Tsumoney.
Previsão 2: Fundos Imobiliários (FII’s)
Eu acredito que a classe de ativos de Fundos Imobiliários (FII’s) terá excelente desempenho em 2019.
O principal índice de referência dos fundos imobiliários (IFIX) decepcionou em 2018 e apresentou valorização de apenas 3% no acumulado de 2018, abaixo do CDI (+6%) e do Ibovespa (16,3%) no período.
A queda das taxas futuras de juros longas (NTNB ou IPCA+ e a taxa Pré LTN) é ‘música para os ouvidos’ para o valor dos ativos imobiliários, principalmente os fundos de propriedade mais voltadas à renda.
O segmento imobiliário é um setor que tem ciclo de negócios bastante longo e que demora a responder às variáveis macroeconômicas, pois a decisão de comprar um imóvel é de longo prazo.
As ações de empresas de construção civil responderam mais rapidamente à queda dos juros. O preço dos ativos imobiliários na bolsa de valores não acompanhou a redução dos futuros por causa da menor liquidez dos ativos na Bolsa.
Quem investiu em FII’s em 2018 acabou ‘chegando um pouco cedo na balada’, mas como dizem lá no interior: ‘quem quer beber água mais limpa precisa ir mais longe’. Paciência e visão de longo prazo é o nome do jogo e quem acreditar vai ter bons rendimentos em 2019.
Previsão 3: Ações de Empresas Small Caps
O principal índice de referência das ações de small caps (SMLL) ficou para trás em 2018 e apresentou valorização de apenas +6,4% no acumulado de 2018, bem abaixo do Ibovespa (16,3%) no período.
Acredito que daqui para a frente as ações small caps, a chamada ‘segunda linha’ do Ibovespa, podem garantir melhores ganhos no futuro. Essas ações são menos líquidas, tem menor valor de mercado e são menos acompanhadas pelo mercado/investidores.
Eu já falei sobre este assunto nesta coluna aqui.
Existem três maneiras simples para investir e surfar a onda das small caps: i) fundos de investimento em ações; ii) estratégia passiva através de fundo ETF (Exchange Traded Funds) SMAL11 e; iii) carteira de ações de small caps, com gestão ativa.