Com Brasília em compasso de espera para a volta do recesso parlamentar, os pré-candidatos à Presidência da República começam a dar indícios de importantes posicionamentos para os mercados – nesse caso, recentemente, uma série de declarações sobre a Petrobras (PETR3/PETR4), a possibilidade de desestatizar a gigante petroleira e o futuro de sua política de preços.
O tema deve ser recorrente na corrida eleitoral, até pelo aumento substancial do preço dos combustíveis nas bombas – fruto de uma série de variáveis que os presidenciáveis têm levado em consideração. Com previsões para a média de preços do barril Brent consideravelmente acima da média de 2021 (US$ 71) e os preços chegando, neste início de ano, já perto dos US$ 90, o governo inclusive tem estudado pautar uma PEC para reduzir temporariamente o preço da gasolina e do diesel, de forma a apaziguar a corrosão de renda decorrente dos efeitos inflacionários sobre a população brasileira.
Dentro do espectro dos pré-candidatos, há notáveis divergências. Historicamente alinhados à esquerda, Ciro Gomes (PDT) e Lula (PT) são abertamente contrários à atual política de preços praticada pela estatal (preço de paridade de importação, ou PPI) e enxergam a petroleira como indutora do desenvolvimento econômico.
No caso de Lula, cogita-se revisar as vendas de ativos efetuadas nestes últimos cinco anos; já Ciro defende, principalmente, a redução da dependência de importações via incentivo à indústria de refino.
Na outra ponta, as propostas giram em torno de uma eventual desestatização da Petrobras, mas feita de forma bastante gradual e com cautela – até pelas dificuldades políticas que permeiam o tema. O ex-juiz Sérgio Moro (PODE) diz não ver nenhum problema na desestatização da estatal, mas que o assunto precisa ser analisado com base em estudos sobre a eficiência econômica de uma eventual venda.
No caso de João Doria (PSDB), a alternativa é dividir a companhia em fatias, a fim de facilitar posteriores privatizações feitas em blocos. Por fim, o atual governo, de Jair Bolsonaro (PL), se mostra favorável à desestatização, mas ainda não apresentou um formato para viabilizar a medida.
Importante notar, da mesma forma, que alternativas para reduzir os preços dos combustíveis também têm sido foco de debate das campanhas, até para preservar a atual política de preços. Moro, Doria e Bolsonaro entendem que a pauta precisa de algum encaminhamento. No caso do atual governo, a PEC dos Combustíveis deve tratar da zeragem de impostos como forma de apaziguar a alta; para Moro, a solução passa pela simplificação da cadeia de impostos do setor; já Doria defende a criação de um fundo, financiado pela iniciativa privada, para amortecer as variações nos preços.
Seja qual for o próximo presidente do Brasil, essas questões devem ser endereçadas, assim como as limitações no escopo de atuação da gigante petroleira (papel social, econômico, etc.)
E Eu Com Isso?
Há, neste tema, uma clara divisão nos possíveis efeitos para as ações da Petrobras (PETR3/PETR4). Sendo uma estatal que sofreu muito com ingerência política durante toda sua história, a petroleira é vista com cautela por parte dos investidores e poderia sofrer no caso de vitória de candidatos ligados a uma visão mais desenvolvimentista, e vice-versa. Os mercados devem acompanhar com bastante atenção os planos e declarações dos presidenciáveis para a companhia e a tendência é de aumento de volatilidade nos papéis nestes próximos meses.
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