Levante Ideias - Itaú

Perspectiva positiva para os bancos

O escritor americano Mark Twain (1835-1910) vivenciou uma situação desconfortável. Durante uma viagem à Inglaterra, começaram a circular rumores nos Estados Unidos de que ele estaria nas últimas. Um repórter americano foi conferir a informação. Sem perder o bom humor, Twain respondeu com uma frase que ficou célebre: “as notícias da minha morte são exageradas.”

O mesmo raciocínio vale para as ações dos bancos na B3. Esses papéis sofreram bastante durante a última metade de 2021 devido ao cenário de incerteza e ligeira alta dos juros, que dificulta o repasse imediato. O aperto na política monetária e a perspectiva de que isso eleve a inadimplência das carteiras de crédito custaram caro aos acionistas, que viram as cotações recuarem mais do que a média do mercado. E agora os juros estão subindo. O que muda?

Assim como no caso de Mark Twain, as notícias da morte das ações dos bancos como uma alternativa de investimento são exageradas, por alguns motivos. O principal deles é que não é certo pensar nos bancos como sistemas rígidos e imutáveis. Bancos de varejo, no Brasil, são criaturas que dispõe ainda de elevado retorno sobre o capital. Ou seja, se fortalecem com as crises.

Uma instituição financeira que tenha mais de 30 anos de atividade no Brasil – e todos os grandes têm, seja trajetória própria, seja a trajetória de bancos comprados – superou dois impeachments, a transição de cinco moedas, seis planos econômicos e oito crises internacionais relevantes. Sem falar na miríade de mudanças regulamentares e institucionais. Ou seja, os bancos sabem se adaptar a mudanças abruptas e acentuadas nas condições econômicas.

Por exemplo, a elevação da taxa referencial Selic de 2% para 9,25% ao ano durante 2021, com perspectivas de que chegue a um máximo de até 12% ao ano ao longo de 2022. Uma alteração tão drástica na política monetária provoca queda da atividade econômica e da renda, o que eleva a inadimplência. Crise bancária à vista?

Longe disso. Diferentemente de seus concorrentes internacionais, os grandes bancos brasileiros são conservadores. Evitam excessos de alavancagem e não têm medo de fazer grandes provisões para devedores duvidosos. Assim, mesmo que a inadimplência aumente – como provável e naturalmente vai aumentar – isso não deverá arranhar a solvência nem a rentabilidade dos bancos.

Há mais. Se as famílias brasileiras deverão ter problemas para honrar seus compromissos devido à queda da renda e à esperada desaceleração da economia, as empresas brasileiras seguem sólidas e rentáveis. Elas ainda estão colhendo os frutos das melhorias operacionais e dos ganhos de eficiência postos em marcha durante a pandemia. Assim, é possível para os bancos reorientar suas carteiras de empréstimo e manter a rentabilidade de sua principal atividade, ainda que os spreads sejam menores.

Ou seja, ainda que o cenário para 2022 permaneça potencialmente adverso, os bancos estão mais do que preparados para enfrentar essas dificuldades. E as ações seguem sendo negociadas com desconto, o que pode garantir um bom retorno tanto com dividendos quanto com potencial ganho de capital.

E Eu Com Isso?

Os contratos futuros de Ibovespa iniciam a sessão da quinta-feira (20) com um novo movimento de valorização, seguindo a alta da véspera. A distensão dos mercados, que provocou a queda do dólar e a alta das ações, permanece.

As notícias são positivas para a Bolsa.

Este conteúdo faz parte da nossa Newsletter ‘E Eu Com Isso’.

e-eu-com-isso

Leia também: Bancos iniciam rodada de resultados.

O conteúdo foi útil para você? Compartilhe!

Recomendado para você

O investidor na sala de espera

Salas de espera podem ser muito relaxantes ou extremamente desconfortáveis. Pessoas ansiosas consideram aquele período de inatividade quase uma tortura. Quem precisa de um tempinho

Read More »

Ajudamos você a investir melhor, de forma simples​

Inscreva-se para receber as principais notícias do mercado financeiro pela manhã.