Na coluna de hoje irei falar sobre economia, ciclos econômicos e o ponto de inflexão no crescimento do produto interno bruto (PIB) do Brasil. O crescimento econômico tem estreita relação com o crescimento do lucro das empresas e a geração de valor para os acionistas.
A minha tese central é a de que as empresas brasileiras estão muito bem preparadas para aproveitar o ciclo de recuperação econômica que se inicia e que o momento é muito favorável para o investimento em ações.
A maior recessão da história
Nunca tivemos uma recessão econômica tão profunda como no biênio 2015 e 2016, com queda acumulada de 7,43% no PIB.
Somente em três épocas da história brasileira a economia apresentou desempenho tão recessivo:
- de 1929 a 1931: com queda acumulado do PIB de 5%, a crise de 1929 e a grande depressão econômica nos EUA;
- de 1981 a 1983: com queda acumulado do PIB de 7,2%, quando houve o “calote” (default) da dívida externa brasileira;
- de 1990 a 1992: com queda do PIB acumulado de 2,1%, o Plano Collor e o impeachment do presidente.
O início da recuperação do país do futuro
Em 2017, a economia brasileira cresceu 1,0% em relação a 2016, com PIB total de R$ 6,56 trilhões, o que coloca o Brasil como a oitava economia do mundo, segundo o Fundo Monetário Internacional.
Ponto de inflexão na economia
Segundo o relatório Focus do Banco Central, o crescimento esperado do PIB é de 1,5% em 2018, 2,5% em 2019 e 2,5% em 2020. Portanto, é esperada uma forte recuperação da economia com crescimento do PIB total de 6,5% no período.
Uma mudança bastante grande depois da queda acumulada de 6,9% no PIB no triênio de 2015 a 2017. Estou falando de uma inversão na curva de crescimento da econômica de quase 15% em apenas 6 anos.
O crescimento futuro do PIB é uma projeção que depende bastante da continuidade das reformas, controle de gastos públicos e o rumo da política monetária do presidente eleito a partir de 2019.
O meu foco é economia, e não política
Ressalto que não abordarei aspectos políticos e o meu foco aqui é puramente econômico: déficit fiscal, regime de metas de inflação e política econômica.
Independente do presidente eleito, será imperativo lidar com o déficit público (estimado em R$ 140 bilhões em 2018) e a reforma da Previdência, temas polêmicos e impopulares.
As lições do passado
Na escola e na faculdade eu sempre fui da área de exatas. Trabalhei com números a minha vida inteira, mas penso que o passado nos ensina muito e gosto muito de estudar história.
Qual foi o crescimento do PIB na virada de cada ciclo econômico? Qual foi o crescimento econômico depois das três maiores recessões descritas acima?
Logo após a depressão de 1929, o PIB acumulou crescimento de 7,8% de 1932 a 1934. Após a crise da dívida externa nos anos 80, o PIB cresceu 7% de 1984 a 1986. Na última recessão com o impeachment do presidente Collor, a recuperação da economia acumulou expansão de 5% no período de 1993 a 1995, impulsionado pelo sucesso do Plano Real.
Dessa vez é diferente
As condições macroeconômicas atuais são muito mais favoráveis do que nas últimas três recuperações anteriores. Hoje temos a menor taxas de juros (Selic) da história do Brasil, inflação bastante controlada e alto nível de reservas internacionais. Tudo isso de forma ortodoxa e sustentável, ou seja, não chegamos até aqui na marra.
Mola comprimida
Durante a crise, as empresas cortaram custos, se tornaram mais eficientes e reduziram o seu nível de endividamento. Além disso, as empresas fizeram menos investimentos no período devido ao cenário de maior incerteza durante a recessão.
Existe bastante capacidade ociosa nas empresas, especialmente na indústria. Aqui eu utilizo o exemplo de uma mola comprimida que está presa devido à incerteza quanto ao cenário político e econômico, e que vai dar um grande salto quando estas amarras forem soltas.
Um presidente eleito favorável às reformas pode dar grande impulso à economia, com recuperação do emprego e forte crescimento do lucro das empresas.
Neste cenário mais otimista, o crescimento do PIB no triênio 2018-2019-2020 poderá ser mais forte que a projeção atual de 6,5%.
Eu não tenho bola de cristal e não tenho a menor ideia de quem será o presidente do Brasil. O que eu sei é que estamos vivendo uma oportunidade única para investir na Bolsa de Valores em empresas sólidas que vão multiplicar os seus lucros.
Minha missão é te ajudar a entender mais sobre Value Investing e análise fundamentalista de empresas. Por isso, continue acompanhando a minha coluna e não esqueça: se você ficou com alguma dúvida, é só mandar um e-mail para o endereço [email protected].
Conte comigo e até breve!
Um grande abraço,
Eduardo Guimarães