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O BC refaz as contas

Como acontece no fim de cada trimestre, o BC (Banco Central) divulgou nesta quinta-feira (30) o RTI (Relatório Trimestral da Inflação). É o trabalho de maior fôlego do BC, tratando do cenário para a inflação e os juros.

Nele, o BC considera os riscos de a variação dos preços, para cima ou para baixo, sair do gabarito das metas de inflação. Nesta edição, o BC mostra estar preocupado com dois impactos, o da crise hídrica e o da alta dos preços da energia e dos alimentos nos índices.

Segundo o RTI, “a elevada inflação ao consumidor continua se revelando persistente. (…) Com as sucessivas surpresas, a inflação acumulada em doze meses subiu de 8,06% em maio para 9,68% em agosto, superando amplamente a meta de inflação de 3,75% para o ano calendário de 2021.”

Há dois motivos para isso, os preços dos alimentos e dos bens industriais. No trimestre, os preços de alimentos subiram 2,76%, com destaque para carnes, leite e aves e ovos, devido à alta dos custos com a ração animal e da redução na oferta de pastagens devido à seca.

Os preços dos bens industriais subiram 2,53% no trimestre, quinto trimestre consecutivo com elevação superior a 1,50%. As causas são a mudança na composição dos gastos das famílias, a existência de gargalos de oferta e o repasse de custos, dentre os quais o de commodities, a alta do dólar e das tarifas de energia.

Nesse cenário, o BC aponta três riscos. O agravamento da crise hídrica e a ameaça de um racionamento de energia, a evolução da pandemia e “ações que piorem as expectativas a respeito da trajetória fiscal”.

Segundo o RTI, esses fatores “podem pressionar os prêmios de risco e a confiança dos agentes, com impactos negativos, possivelmente defasados, sobre a atividade econômica e os investimentos em particular.” Tradução: isso desincentiva pessoas e empresas a investir.

Apesar de ter elevado levemente a expectativa para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, que subiu de 4,6% para 4,7%, o BC é cauteloso.

“Independentemente da avaliação mais agregada do IBC-Br, dados coincidentes de agosto, cujas variações não têm direção unânime, não sugerem expansão generalizada”, diz o Relatório.

Mais adiante, o BC mostra que o cenário para 2022 também não é dos melhores. “Ao longo de 2022, espera-se ritmo de crescimento menor do que no segundo semestre de 2021, resultando em crescimento anual de 2,1%”, diz o RTI.

Segundo o BC, há menos espaço para a recuperação cíclica devido à redução do hiato do produto. Além disso, a alta dos juros deverá ter efeitos de prazo mais longo sobre a atividade econômica. No entanto, esse cenário não é uma certeza.

“Esta previsão apresenta grau elevado de incerteza e está apoiada nas seguintes hipóteses: continuidade do arrefecimento da crise sanitária, diminuição gradual dos níveis de incerteza econômica, manutenção do regime fiscal e ausência de restrições diretas ao consumo de eletricidade.”

Ou seja, no panorama visto do BC não se espera um racionamento de energia, hipótese que não pode ser totalmente descartada.

Conclusão: o RTI mostra um cenário mais adverso para a inflação à frente, o que deve obrigar os investidores a refazer as contas para 2022.

Com apenas um trimestre restante neste ano, o cenário para 2021 está praticamente dado, salvo alguma grande surpresa.

Agora, é refazer as contas e se preparar para o ano que vem.

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Os contratos futuros do Ibovespa e do índice americano começam o último pregão do terceiro trimestre com uma leve alta devido a um movimento de ajuste.

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Leia também: Copom eleva taxa Selic para 6,25% ao ano.

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