A última semana do terceiro trimestre de 2021 será pautada pelas declarações do Banco Central (BC). Além do Relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (27), na terça-feira (28) vai sair a Ata da 241ª reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). E na quinta-feira (30) será publicado o RTI (Relatório Trimestral de Inflação).
Todas essas publicações vão fornecer uma ideia precisa de como o BC está encarando a atividade econômica no Brasil e no exterior, e quais devem ser as diretrizes para a política monetária no que resta deste ano e em 2022.
Na semana passada, o Copom elevou a taxa referencial Selic em um ponto percentual, para 6,25% ao ano e praticamente contratou uma alta semelhante na reunião marcada para o outubro.
O Comunicado que explicou essa decisão mostrou algumas alterações significativas na percepção do Comitê sobre a economia. Listaremos algumas delas a seguir.
1) A economia global está mais adversa. Na reunião anterior, de 3 de agosto, o Comunicado citava apenas o risco de expansão da pandemia devido à variante Delta do Covid-19.
Na reunião mais recente, de 22 de setembro, somou-se a esse risco a possibilidade de diversos países emergentes apertarem suas políticas monetárias para conter a inflação.
Apesar de considerar que o ambiente econômico ainda está favorável para as economia emergentes, o Comitê avalia que o cenário “pode tornar-se mais desafiador”.
2) A inflação continua elevada devido aos preços dos alimentos e dos combustíveis. O Copom aumentou sua inflação esperada para este ano e para 2022. A taxa prevista para 2021 subiu para 8,5%, ante os 6,5% da reunião de agosto. A projeção para 2022 avançou de 3,5% para 3,7%.
3) A energia vai continuar pressionando a inflação. O cenário piorou. Na reunião de agosto, a expectativa era de “bandeira vermelha nível 1” para dezembro de 2021, 2022 e 2023.
Agora, a hipótese é “escassez hídrica” para dezembro deste ano e “bandeira vermelha nível 2” para dezembro de 2022 e 2023.
Em consequência disso, a alta prevista para os preços administrados, que incluem as tarifas de energia, subiu para 13,7% neste ano ante os 10,0% previstos na reunião anterior.
Conclusão: os juros vão subir. Na reunião de agosto, a projeção era de que 2021 se encerrasse com a Selic a 7,00%. Os juros permaneceriam nesse patamar durante todo o ano de 2022 e cairiam para 6,50% em 2023.
Em setembro, o prognóstico mudou bastante. Os juros para dezembro subiram de 7,00% para 8,25%. As taxas em 2022 devem subir mais um pouquinho, chegando a 8,50%. E a estimativa para 2023 subiu de 6,50% para 6,75%.
A alta dos juros vai ocorrer ainda que o BC esteja marginalmente mais preocupado com a atividade econômica brasileira. “Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance no território contracionista”, diz o Comunicado.
Apenas essa análise rápida do Comunicado mostra que o Copom está observando um cenário mais adverso para a inflação, devido principalmente às condições climáticas e aos preços da energia. A divulgação da Ata deverá trazer mais explicações sobre a percepção do Comitê.
Relatório Focus
A edição mais recente do Relatório Focus, divulgada pelo BC nesta segunda-feira (27), trouxe poucas alterações para este ano. A única mudança nas expectativas para 2021 foi um aumento na inflação prevista de 8,25% para 8,35%.
As demais projeções permanecem inalteradas: crescimento da economia em 5,04%, taxa de câmbio em R$ 5,20 e Selic em dezembro a 8,25%. Para 2022, porém, o crescimento econômico previsto caiu de 1,63% para 1,57%.
E Eu Com Isso?
A semana começa com os contratos futuros do Ibovespa e do índice americano S&P 500 iniciando a sessão oscilando ao redor da estabilidade.
Devido à distensão nos mercados internacionais, a projeção dos analistas da Levante Ideias de Investimentos é de um otimismo cauteloso para o pregão.
As notícias são positivas para a Bolsa.
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