Nesta quarta-feira (22), os organismos encarregados de calibrar os juros no Brasil e nos Estados Unidos vão divulgar dois comunicados decisivos.
Por aqui, o Banco Central (BC) vai elevar os juros. A incerteza é se essa alta será de 100 ou de 125 pontos-base (centésimos de ponto percentual).
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), o BC americano, vai manter os juros perto de zero e, provavelmente, seguir com a recompra de títulos públicos e hipotecários que injeta US$ 120 bilhões por mês na economia americana. A incerteza é se haverá, ou não, alguma sinalização de quando essa intervenção vai deixar de ocorrer.
Na prática, as incertezas são apenas quanto à velocidade da atuação dos bancos centrais, e não quanto à direção das políticas a ser adotadas.
Considere-se a situação do Fed. Ele deverá, em algum momento, desacelerar os estímulos monetários. Porém, a economia americana ainda está 5,3 milhões de empregos abaixo dos níveis da pandemia. E nesse cenário, nenhum banqueiro central quer ter na biografia a menção de ter interrompido um processo de recuperação econômica.
Apesar de ninguém esperar uma alta dos juros americanos, haverá muito interesse nas opiniões de seus formuladores. Será divulgado o “dot plot”, que mostra as expectativas dos membros do Fomc (Federal Open Market Committee) para juros, inflação, emprego e crescimento.
Na edição anterior ficou claro que nenhum dos participantes esperava uma alta dos juros antes de 2023. No entanto, a edição a ser divulgada nesta quarta-feira trará, pela primeira vez, as expectativas para 2024.
Já o caso brasileiro é um pouco mais delicado. É consenso entre os investidores que os juros terão de subir apesar do ritmo fraco da economia. A inflação não dá sinais de trégua, e o único remédio na farmacopeia de Roberto Campos Neto, presidente do BC, é apertar a política monetária. A questão é até quanto a taxa referencial Selic deverá subir, e qual será a velocidade dessa alta.
As edições mais recentes do Relatório Focus indicam uma alta acelerada das projeções para a taxa de juros em dezembro.
O prognóstico divulgado na segunda-feira (20) foi de 8,25%. Os juros estão em 5,25% ao ano. Para chegar aos 8,25, tudo indica que haverá três altas sucessivas de um ponto percentual, incluindo a que deve ser divulgada nesta quarta-feira.
A percepção dos analistas da Levante Ideias de Investimento é que apenas a divulgação do RTI (Relatório Trimestral de Inflação), agendada para o dia 30 de setembro, vai levar a uma convergência entre os prognósticos do mercado e a percepção do BC.
A política monetária já está incluindo os movimentos da inflação previstos para 2022, e os prognósticos do Relatório Focus indicam uma piora das expectativas.
Na edição mais recente, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) previsto para 2022 é de 1,63%. Há quatro semanas, a estimativa era de 2,00%. A expectativa é que o RTI levará essa entidade conhecida como mercado mais para perto de um consenso sobre os juros.
E Eu Com Isso?
O fato de o Congresso e o Ministério da Economia terem chegado a um acordo no caso do pagamento dos precatórios em que não haverá ruptura do teto de gastos animou os investidores.
Os contratos futuros do Ibovespa iniciam a manhã da quarta-feira em alta. No entanto, qualquer surpresa vinda da decisão do Federal Reserve pode levar a um aumento da volatilidade.
As notícias são positivas para a bolsa em um cenário de volatilidade.
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