Com a reunião entre Bolsonaro e Ciro Nogueira (PI), o Partido Progressistas é a bola da vez em Brasília. O presidente da sigla deve mesmo ser nomeado ministro-chefe da Casa Civil, tornando-se protagonista na articulação política e encabeçando o atual Centrão, aliado essencial para a governabilidade de Bolsonaro.
Discute-se, ainda, a filiação do próprio presidente para a legenda, com intenção de formar a maior bancada partidária do Congresso em 2022.
Para tal, a estratégia que tem sido traçada por Ciro Nogueira e seus aliados é a de filiar outros ministros do Executivo. A ideia é trazer, pelo menos, quatro nomes: Tereza Cristina (DEM-MS), da Agricultura; Fábio Faria (PSD-RN), das Comunicações; Tarcísio Freitas (sem partido), da Infraestrutura; e Rogério Marinho (PSDB-RN), do Desenvolvimento Regional.
Ao filiar os nomes, o partido pretende ganhar visibilidade ao redor do País, mas também visa a influência sobre parte do orçamento público – juntos, os quatro ministérios citados acima têm em mãos cerca de R$ 85 bilhões no orçamento de 2021.
Há um impasse, dentro da sigla, sobre os custos de uma eventual campanha presidencial e a dificuldade de atender a todas as demandas financeiras de caciques regionais.
O presidente já foi filiado ao PP, tendo passado 11 dos 27 anos em que está presente na política brasileira como deputado da sigla.
Em 2016, Bolsonaro apenas saiu da legenda porque não quiseram promovê-lo à candidatura presidencial – à época, o deputado era considerado uma força inexpressiva dentre os quadros nacionais.
E Eu Com Isso?
O casamento entre Bolsonaro e PP tem tudo para ocorrer, ainda mais com a entrada do partido na Esplanada dos Ministérios.
Nesse momento, é conveniente para ambos os lados: o presidente precisa de uma sigla com boa estrutura, mas que também abra espaço para ele se tornar o protagonista, enquanto Ciro Nogueira, presidente do partido, tenta colocar o PP na primeira prateleira dos partidos influentes no Congresso, tomando o posto de partido-pivô, que foi, por muitos anos, ocupado pelo MDB.
O mercado, porém, tende a reagir de modo levemente negativo caso a aliança ocorra, uma vez que o PP é um dos partidos considerados fisiológicos e que sempre esteve envolvido em escândalos de corrupção.
Nesse contexto, dar grandes poderes para a sigla vai de encontro com o que se espera em termos de agenda legislativa, podendo respingar também na pauta de reformas.
Fique atento aos novos desdobramentos.
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