Nesta segunda-feira (19), a Oi (OIBR3/OIBR4) fez uma apresentação ao mercado divulgando seus planos para os próximos 3 anos, além de tentar deixar mais claro para o mercado como ficará o modelo de negócios e seus números após o fim da recuperação judicial.
A companhia fez um plano audacioso de crescimento prevendo R$ 3 bilhões de receita em 2021 e atingindo R$ 9,3 bilhões em 2024 somente com a unidade de negócios de fibra ótica voltada para pessoas físicas e pequenas empresas.
Pelas projeções da companhia, o segmento terá um crescimento de anual médio de 46% nos próximos anos.
Já na unidade de negócios B2B (clientes empresariais), a companhia divulgou um crescimento forte, porém mais moderado, com 21% de crescimento ao ano de 2021 a 2024, partindo de R$ 700 milhões e atingindo R$ 1,25 bilhão no final do período.
A companhia também deu destaque para as oportunidades com serviços adicionais, como seu marketplace para venda de produtos, telemedicina, venda de cartão de crédito e seguros, entre outros.
A companhia espera entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão de receitas desta modalidade.
Considerando ainda as receitas da Infra Co, companhia com participação de um Fundo do BTG Pactual e da Globenet Cabos, a receita total da companhia em 2024 deve atingir valores entre R$ 14,8 e R$ 15,5 bilhões. A companhia ainda espera atingir uma margem EBITDA entre 13% e 15%.
E Eu Com Isso?
Acreditamos que o plano apresentado foi bastante agressivo em termos de crescimento de receita, com apostas interessantes, especialmente quanto à parte de serviços adicionais que nenhuma companhia de telecomunicações no Brasil conseguiu fazer deslanchar ainda.
Dito isso, a margem EBITDA deixou a desejar, enquanto os novos players que estão fazendo IPO no mercado de fibra, como a Desktop, Unifique e Brisanet todos apresentam margens acima de 40%.
Além disso, após a reestruturação, a companhia resultante sai bastante endividada, com relação dívida líquida/ EBITDA em cerca de 3,7 vezes, um patamar acima do que a própria companhia considera ideal.
As ações preferenciais da companhia (OIBR4) tiveram queda de 4,9%, enquanto as ordinárias (OIBR3) uma queda de 8,1%.
Apesar do alto nível de endividamento, para conseguir expandir sua infraestrutura de fibra ótica, a Oi manterá um nível de investimentos (Capex) de cerca de 14,8% da sua receita em 2021 e atingindo aproximadamente 7,8% em 2024.
Se por um lado os valores parecem altos para o nível de endividamento da companhia, por outro enxergamos os novos entrantes injetando capital com IPOs e gastando valores semelhantes, mesmo com receita muito menor do que a Oi.
A Oi encerrou o primeiro trimestre com 2,5 milhões de clientes de fibra ótica, segundo os dados divulgados.
Ademais, a companhia pretende encerrar 2021 com 3,5 milhões de clientes e atingir 8,1 milhões em 2024, parte central do seu plano de expansão e que deve se provar um desafio para a companhia considerando o cenário cada vez mais competitivo.
Além dos dados operacionais, a companhia também levantou a possibilidade de um futuro IPO da Infra Co, que segundo a companhia, teria somente considerando seus 42% de participação, um valor de mercado superior ao da Oi atualmente, possivelmente destravando valor para os acionistas.
O plano apresentado prevê crescimento audacioso, focado em fibra ótica e com uma estratégia mais interessante ao nosso ver, focando em eficiência operacional e atendimento ao cliente.
No entanto, além dos desafios da execução do novo plano estratégico, a companhia ainda precisa terminar sua reestruturação, concluindo sua venda de ativos para seguir em frente, deixando ainda algumas incertezas a serem resolvidas.
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