Este dia foi apelidado de “Super Quarta”, pois, tanto o Banco Central (BC) quanto o Federal Reserve (Fed), o BC americano, vão revelar suas visões para as taxas de juros. E essas visões deverão pautar as expectativas dos investidores para o restante de 2021.
Começando pelo Fed. Os indicadores econômicos das últimas semanas mostram uma aceleração da inflação nos Estados Unidos, e a alta sistemática das cotações do petróleo aumenta a pressão sobre os índices de preço.
Jerome Powell, presidente do Fed, e os presidentes dos oito Feds regionais já disseram várias vezes que os juros deverão permanecer na faixa atual.
Nominalmente, os juros americanos estão entre 0% e 0,25%. Na prática, a taxa dos Fed Funds, equivalente à Selic, permanecerá perto de zero. Quanto a isso não há dúvidas.
No entanto, o que os investidores querem saber é se haverá ou não uma redução no ritmo de recompra dos títulos públicos, que permanece em US$ 120 bilhões por mês.
Desde a reunião mais recente, em abril, vários diretores começaram a discutir se não seria hora de desacelerar as compras.
A ata da reunião de abril informou que “alguns participantes” disseram acreditar que “poderia ser apropriado em algum momento” começar a pensar na desaceleração das compras, denominada “tapering”.
Na linguagem neutra dos banqueiros centrais, é possível imaginar que a discussão tenha sido acalorada.
Diversos indicadores sustentam essa tese. A inflação ao consumidor nos Estados Unidos permanece elevada.
Na semana passada, o Bureau of Labor Statistics divulgou que a inflação ao consumidor em 12 meses até maio era de 5,0%, o maior percentual desde agosto de 2008.
Além disso, os dados de emprego mostram uma recuperação do mercado de trabalho. Tudo isso pode ser interpretado pelo Fed como indicativos de um aquecimento exagerado da economia, que justificaria uma desaceleração das medidas de estímulo.
A situação é bastante parecida no Brasil. A expectativa para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) é de alta de 0,75 ponto percentual na taxa de juros referencial Selic, que deverá subir dos atuais 3,50% para 4,25% ao ano.
Isso está dado como certo. Qualquer decisão diferente será uma surpresa, que vai obrigar todos a refazer seus cálculos.
No entanto, nem tudo são certezas. A incógnita é a sinalização que o Copom vai emitir no Comunicado que será divulgado após a reunião.
Um ponto essencial será a manutenção ou a retirada do termo “ajuste parcial da política monetária”. Se não constar do texto do Comunicado, pode sinalizar um aperto monetário mais duro.
Assim como nos Estados Unidos, aqui também há razões para uma mudança na estratégia do Copom.
Em 12 meses até maio, a inflação medida pelo IPCA chegou a 8,06%, o nível mais elevado em 25 anos.
O que está pressionando os preços é a alta das commodities no mercado internacional, aliada à depreciação do real em relação ao dólar.
Durante a primeira quinzena de junho, a taxa de câmbio se apreciou 3,4% em favor do real. O dólar caiu de R$ 5,22 no fim de maio para R$ 5,04 na terça-feira (15). Isso deve reduzir bastante a pressão pontual sobre os preços.
No entanto, há outros problemas à frente. A crise hídrica deve elevar o percentual de energia gerado por usinas térmicas.
Essa eletricidade é mais cara, o que aumenta os custos de toda a economia. As expectativas são de uma continuidade do processo de alta das taxas.
Em sua edição mais recente, o Relatório Focus elevou a projeção da Selic de dezembro deste ano para 6,25%, ante os 5,75% da semana anterior.
Além disso, outra questão é se essa alta estará concentrada no terceiro trimestre ou se vai ser mais bem distribuída ao longo do segundo semestre.
Trade dos 5 Dias
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E Eu Com Isso?
A sessão da quarta-feira começa com os contratos futuros de Ibovespa em alta, mantendo a trajetória de valorização da primeira quinzena de junho.
No entanto, o dia deverá ser marcado por uma razoável dose de volatilidade, pois a divulgação da decisão do Fed vai ocorrer com os mercados brasileiro e americano ainda em funcionamento.
As notícias são positivas para a Bolsa em um cenário de volatilidade.
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