Levante Ideias - Grupo Dasa EECI

Aquisições na saúde

Na noite desta terça-feira (01 de junho), três gigantes do setor de saúde no país, Rede D’Or (RDOR3), Grupo Dasa (DASA3) e Fleury (FLRY3), anunciaram aquisições de ativos, ampliando as suas operações.

A Rede D’Or fechou a aquisição do Hospital Serra Mayor, localizado na capital paulista, em região de alta densidade populacional. O valor da firma (EV) ficou em R$ 130 milhões, com projeção de Ebitda (aproximação da geração de caixa operacional) de R$ 17 milhões para 2022, após sinergias, implicando em um múltiplo EV/Ebitda de 7,6 vezes daqui a dois anos.

O grupo Dasa veio com uma transação maior, adquirindo o Hospital da Bahia (HBA S.A.) em Salvador (BA) por R$ 850 milhões em dinheiro, colocando o pé em uma praça já bastante disputada. Estima-se um múltiplo EV/Ebitda em torno de 13 vezes para a aquisição sendo um dos mais relevantes após a sua reabertura de capital.

O grupo Fleury também vem expandindo horizontes, adquirindo o Laboratório Pretti e o Laboratório Bioclínico, ambos no Espírito Santo (ES). Os valores justos para fins de transação são de R$ 193,1 milhões e R$ 122 milhões respectivamente e adicionando cerca de 40 unidades de atendimento em sua base total. A estimativa de Ebitda para estas aquisições não foi divulgada.

E Eu Com Isso?

Mesmo com um setor ainda bastante pulverizado em todos os segmentos de atuação (hospitais, clínicas de tratamento, laboratórios de diagnóstico e planos de saúde), a competição começa a ficar mais acirrada nos principais centros urbanos, com maiores densidades populacionais.

Várias companhias de capital aberto começam a colocar os pés em uma mesma região.

Olhando individualmente cada aquisição, enxergamos um impacto positivo para as ações das três companhias (RDOR3, DASA3 e FLRY3), dado que todas estão muito bem capitalizadas, sobretudo a Rede D’Or com o seu IPO recente e um Follow-on (oferta subsequente de ações), além do setor de saúde demandar cada vez mais escala e seja um requisito mandatório para que as empresas obtenham uma boa rentabilidade.

A pulverização do setor é compreensível, dada a extensão territorial do Brasil e devido aos serviços médicos, que em grande parte até o início da pandemia, demandavam quase que majoritariamente a presença física do paciente.

Agora, com o avanço rápido da telemedicina, muitas consultas básicas podem ser feitas de maneira remota.

A pandemia ainda gerou uma interrupção no fluxo de pacientes, o que, juntando com a inflação médica em patamares altos (câmbio e falta de insumos) e a dificuldade financeira gerada, levou muitos ativos de menor porte estarem “atrativos” para a aquisição, com os grandes players do setor se beneficiando com a oportunidade a frente.

O avanço rápido da telemedicina auxilia essa expansão, por possibilitar que algumas operações sejam realizadas online, possibilitando maior ganho de escala e verticalização.

Acreditamos que ainda há bastante espaço para expansão das grandes do setor, sem que haja uma sobreposição muito prejudicial, porém as palavras-chave do setor têm sido “Escala e Verticalização”.

O grupo Dasa vem na vertente de agregar hospitais e centros diagnósticos dentro do mesmo guarda-chuva.

O Fleury vem tentando diversificar sua linha de atuação para além dos centros diagnósticos, incorporando clínicas de tratamentos avançados e diversos, ampliando a gama de serviços oferecidos dentro de seus ativos.

A Rede D’Or por enquanto vem buscando escala de maneira mais concentrada e onde tem expertise comprovada: gestão de hospitais de alto padrão.

Enxergamos um cenário de crescimento gradual e consistente para os líderes do setor de saúde e as fusões, aquisições e expansões de unidades não devem parar tão cedo.

A Hapvida (HAPV3) e Grupo Intermédica (GNDI3) também estão no páreo, aguardando a aprovação da fusão para criar um dos maiores conglomerados de saúde do País em termos de alcance geográfico.

Todas as grandes do setor seguem com endividamento baixo, múltiplos mais elevados em relação às aquisições recentes e com caixa robusto, indicando que podemos esperar um ciclo de crescimento e consolidação por mais alguns anos pelo menos.

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Leia também: Resultado da Rede D’Or (RDOR3) do 1T21.

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