Em semana de poucos depoimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, os senadores têm debatido novas convocações para oitivas e alguns tópicos que serão investigados com mais afinco durante as próximas semanas.
Nesse contexto, o G7, grupo formado por parlamentares independentes e oposicionistas que forma maioria na comissão, acabou rachando nesta quarta (26) após a aprovação de uma série de convocações de governadores à CPI.
A iniciativa partiu do presidente da comissão, Omar Aziz (PSD), e pelo líder do MDB, Eduardo Braga, ambos do estado do Amazonas e com interesse nas eleições de 2022 para o governo.
Nesse contexto, foi convocado o atual governador do estado, Wilson Lima (PSC), com o intuito de desgastá-lo, assim como outros oito governadores neste pacote: Waldez Góes (PDT-AP), Ibaneis Rocha (MDB-DF), Helder Barbalho (MDB-PA), Coronel Marcos Rocha (PSL-RO), Antonio Denarium (PSL-RR), Carlos Moisés (PSL-SC), Mauro Carlesse (PSL-TO) e Wellington Dias (PT-PI), além do ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
Evidentemente, os quatro governistas da comissão votaram a favor destas convocações, já que é de interesse do Planalto que a discussão se estenda para entes subnacionais.
Diante da derrota na CPI, parte do G7 que era contrária aos depoimentos de governadores deve tentar adiar ao máximo tais oitivas.
Além dos chefes estaduais, foram reconvocados o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o atual ministro, Marcelo Queiroga, além de figuras de trânsito próximo ao presidente Bolsonaro, como o advogado e ex-assessor da presidência, Arthur Weintraub, o atual assessor para assuntos internacionais da presidência, Filipe Martins, o marqueteiro do presidente, Marquinhos Show e o empresário Carlos Wizard.
O vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também protocolou requerimento para que Bolsonaro preste depoimento à CPI, mas ele ainda não foi votado e, nos bastidores, entende-se que as chances de ser aprovado são baixas.
E Eu Com Isso?
Com a nova rodada de depoimentos, há a percepção de que a CPI perde força contra o governo federal ao se dissipar entre diferentes regiões e governos estaduais.
Isto já tem sido notado por conta do recuo do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), nas oitivas mais recentes, após diagnóstico de que não havia desgaste – pelo contrário, a iminente prisão do ex-secretário de comunicação da presidência, Fabio Wajngarten, não foi bem recebida pelo público.
A CPI tem duração de 90 dias, podendo ser prorrogada uma única vez pelo mesmo prazo, e apenas o primeiro mês chegou ao final.
Dessa forma, é natural que ela entre e saia do radar de investidores de acordo com a relevância dos depoimentos.
Nessa nova bateria, a tendência é que não haja impacto nos pregões por conta do foco regional das oitivas.
De qualquer forma, o governo federal ganha fôlego para traçar novas estratégias de defesa na comissão. A notícia é positiva para o governo federal, mas não impacta os mercados.
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