Foi divulgada, nesta segunda-feira (5), a mais nova rodada da pesquisa de avaliação de governo, elaborada pela XP em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe).
Alguns números têm especial relevância e outros são secundários, dada a atual conjuntura política do País. A avaliação negativa (Ruim/Péssimo) do governo Bolsonaro chegou a 48 por cento, enquanto aqueles que avaliam o governo como regular ficaram em 24 por cento e as avaliações positivas (Ótimo/Bom) ficaram na casa dos 27 por cento. O restante (1 por cento) não soube ou não quis responder a pergunta.
Ainda que os números mais recentes tenham oscilado dentro da margem de erro quando comparados à pesquisa anterior, realizada nos dias 9, 10 e 11 de março, um movimento de alta na avaliação negativa do governo tem se confirmado desde o início do ano. Na última pesquisa de 2020, Bolsonaro tinha 25 por cento de avaliação regular (estável), mas apenas 35 por cento de avaliação ruim e péssima e 38 por cento de avaliação ótima e boa. A título de comparação, o pior momento do mandato, em termos de avaliação de governo, foi justamente meados de abril e maio de 2020, quando a curva de casos e óbitos no Brasil acelerou – e a avaliação negativa chegou a 50 por cento, com apenas 25 por cento de avaliação positiva.
A tendência também se confirma quando se observam outras tendências, como a expectativa para o restante do mandato ou até mesmo o percentual de desaprovação da maneira de Bolsonaro administrar o País. 60 por cento dos entrevistados não aprovam a maneira como o presidente vem governando, enquanto 33 por cento concordam com a gestão do presidente e 7 por cento não quiseram ou não souberam responder. Na pesquisa de janeiro de 2021, estes percentuais eram, respectivamente, de 50 por cento, 42 por cento e 8 por cento.
É possível justificar a piora nos indicadores que mensuram a popularidade do governo principalmente pelo recrudescimento da pandemia de Covid-19 no Brasil, mas também pelo fim do auxílio emergencial na virada do ano. Conforme a própria pesquisa mostra, a população brasileira voltou a temer o coronavírus (55 por cento está com muito medo, 28 por cento está com um pouco de medo e 17 por cento não está com medo – em outubro de 2020, quando a média de óbitos e casos baixou significativamente, esses percentuais foram de, respectivamente, 28 por cento, 37 por cento e 34 por cento).
Por fim, vale mencionar o empate técnico decorrente das pesquisas eleitorais de intenção espontânea e estimuladas. No primeiro caso, Jair Bolsonaro tem 24 por cento das intenções de voto e Lula aparece em segundo lugar, com 21 por cento das intenções. Na pesquisa estimulada (com nomes pré-definidos), Lula tem 29 por cento das intenções de voto e Bolsonaro tem 28 por cento.
A nova rodada abordou mil entrevistados por meio de ligações telefônicas, com cobertura nacional e distribuição proporcional segundo gênero, região, ocupação, nível educacional, renda, porte do município, idade, religião e ocupação. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais e o período de coleta foi entre os dias 29 e 31 de março de 2021.
E Eu Com Isso?
Algumas considerações sobre a mais nova rodada da XP/Ipespe: em primeiro lugar, a deterioração da popularidade de Bolsonaro é um dos motivos pelos quais o presidente mudou de postura no combate à pandemia, entendendo que quanto mais presente estiver a Covid-19 na vida dos brasileiros em 2022, menores são suas chances de reeleição.
Ainda assim, mesmo com recordes de casos e óbitos no Brasil – em um contexto em que o mundo vai diminuindo suas curvas –, a resiliência da base eleitoral bolsonarista confere ao presidente um “piso” de avaliação positiva na casa dos 25 por cento. Nas próximas pesquisas, haja vista que o mês de abril ainda será duro no que diz respeito à Covid-19, esse piso deve passar por um teste de fogo.
Com relação às simulações eleitorais, elas ainda têm pouca relevância, com cerca de um ano e seis meses para o próximo pleito. Corridas eleitorais são filmes e pesquisas são apenas retratos retirados dessa longa narrativa. No entanto, neste momento e servindo-me de uma metáfora, é como se concluíssemos que o filme é sobre leões só porque a foto da retirada (a pesquisa, no caso) mostra o logo do MGM Studios.
De qualquer forma, com Lula na disputa, o cenário de volatilidade esperado para 2022 fica ainda mais intenso, uma vez que crescem as incertezas quanto ao desfecho das eleições. A reeleição de Bolsonaro, contudo, segue mais dependendo dele e do resto de seu mandato do que de qualquer adversário político. Agora com o ex-presidente de volta nas pesquisas, investidores podem operar com mais cautela no pregão de hoje.
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