Entre 2018 e 2019 um surto da peste suína africana (PSA) reduziu o rebanho de porcos em cerca de 40 por cento, alterando a dinâmica de consumo de proteínas na China. O país passou a importar mais proteína animal de diversos tipos, com o consumo de carne bovina aumentando gradativamente desde então.
Um novo surto foi reportado no país, com perdas estimadas de rebanho reprodutor em torno de 20 por cento do total, sendo uma parcela maior na província de Henan, um dos principais polos produtores de carne suína no país.
Neste primeiro trimestre de 2021, as autoridades locais identificaram cerca de oito surtos, com a maioria ocorrendo em fazendas pequenas ou animais em trânsito, porém no início de março, uma nova cepa do vírus surgiu, ampliando o surto pelo país.
E Eu Com Isso?
O novo surto em um curto espaço de tempo altera mais uma vez a trajetória da oferta e demanda de proteína animal no mundo, sobretudo pela China ser a maior consumidora e produtora de carne de porco, disparado em volume. O país tem como objetivo se tornar autossuficiente na produção e oferta de carne suína até 2025, investindo em grandes parques produtores, modernos e com controle mais rígido de nutrição e doenças, além de intensificar a importação de rebanho para reprodução.
O anúncio do plano chinês chegou a balançar as ações de frigoríficos no mundo todo, inclusive as brasileiras JBS (JBSS3), BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva Foods (BEEF3), porém as perspectivas agora são de exportações de carnes em volumes mais elevados para a China, beneficiando diretamente a receita destas empresas, que possuem um relacionamento comercial cada vez mais intenso com o gigante asiático e também em toda a Ásia, incluindo o Oriente Médio.
Um ponto interessante é o crescimento no consumo de carnes para culinária e ingredientes (cortes menos nobres) maior que o de carnes nobres na China, este último dominado pelo mercado norte-americano, o que abre uma frente maior de crescimento para os frigoríficos brasileiros, que possuem uma gama de produtos que englobam as três categorias de carnes citadas acima.
Embora as autoridades chinesas já usem até técnicas de clonagem para fortalecer a linha genética dos rebanhos, a queda forte no primeiro surto e o andamento do segundo surto agora em 2021 prejudica a oferta doméstica e considerando o ciclo da carne suína completa, bem superior à do frango (9 a 12 meses contra 40 dias), a China tem dois caminhos: intensificar o ritmo de recuperação do rebanho ou ampliar o prazo da meta de autossuficiência. Em ambos os casos as importações no país tendem a subir novamente, em um cenário de recuperação e estímulo da economia global, impulsionando a demanda geral por carnes e mantendo os preços em patamares bastante rentáveis para os frigoríficos por um período prolongado.
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