O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, não deve seguir no cargo após novo agravamento da crise sanitária no Brasil. Desde a última sexta-feira (12), o Planalto discute nomes para substituí-lo por conta de fortes pressões vindas de governadores, prefeitos, Legislativo e até mesmo de interlocutores do próprio governo.
Até o momento, o militar segue à frente da pasta, mas sua saída deve ser anunciada em um futuro próximo, juntamente com o nome de seu substituto. O ministro deve alegar problemas de saúde e se afastar do cargo, em meio ao provável recorde de média móvel superior a 2 mil mortes diárias por coronavírus – neste domingo, a média chegou a 1.832 mortes, alta de 50 por cento em comparação com o mesmo número de 14 dias antes.
Até agora, existem alguns nomes no páreo, mas os de maior destaque são da cardiologista Ludhmila Hajjar, que tem respaldo de nomes importantes como Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do deputado federal Doutor Luizinho (PP-RJ), ligado ao Centrão.
Hajjar se reuniu com Bolsonaro neste domingo (14), mas não aceitou o cargo por falta de consenso entre os dois sobre questões importantes do combate à pandemia. Nas redes sociais, bolsonaristas acharam material da médica defendendo medidas mais duras de isolamento social e iniciaram uma ofensiva contra sua indicação. O presidente e Hajjar se reúnem nesta segunda (15) novamente, mas a tendência é que a cardiologista não aceite assumir o comando da pasta.
Correndo por fora, o deputado Doutor Luizinho tem parte do apoio do PP, que era responsável pelo ministério da Saúde durante o governo Temer. A negociação para voltar ao comando da pasta é uma demanda antiga da sigla e, diante da situação, tem crescido a pressão para que um nome do Centrão seja conduzido ao cargo.
E Eu Com Isso?
A permanência de Pazuello no cargo ficou, de fato, insustentável. O número de casos diários disparou no País, ao passo que a vacinação da população diminuiu seu ritmo por causa da ausência de doses disponíveis.
Com o xadrez político mudando rapidamente, integrantes do Planalto correram para cobrar uma mudança de postura de Bolsonaro, a fim de combater de maneira mais enérgica o difícil quadro atual de saúde no Brasil. Esse movimento passa, claro, pela troca de Pazuello, mas há dificuldades em achar um nome – um nome do Congresso seria politicamente mais fácil, mas esbarra na resistência de Bolsonaro em indicar políticos para cargos na Esplanada.
O mercado acompanha de longe a troca no comando da Saúde, mas – dada a situação – pode até reagir positivamente a um choque na gestão da pandemia. Os efeitos no pregão de hoje, porém, devem ser secundários, com indicadores econômicos no radar e investidores à espera da reunião do Comitê de Política Monetária.