Dois dos indicadores mais importantes da economia mostraram variações expressivas neste começo de março. Um deles é o dólar. A moeda americana fechou na terça-feira (02) a 5,684 reais, alta de 1,12 por cento no dia. No mês, em apenas dois dias, a apreciação do dólar foi de 2,8 por cento. No acumulado de 2021, 9,4 por cento.
O outro indicador é o Produto Interno Bruto (PIB), divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O total dos bens e serviços elaborados pela economia brasileira no quarto trimestre avançou 3,2 por cento ante o terceiro trimestre. No acumulado do ano, o PIB encolheu 4,1 por cento, para 7,4 trilhões de reais.
Segundo o IBGE, foi o maior recuo anual da série iniciada em 1996. Essa queda interrompeu uma sequência de anos de crescimento, entre 2017 e 2019. O PIB acumulou uma alta de 4,6 por cento no acumulado desses três anos, resultado que foi praticamente zerado pelo número de 2020. Ainda segundo o IBGE, PIB per capita caiu para 35.172 reais no ano passado, recuo recorde de 4,8 por cento.
Em 2020, a agropecuária cresceu 2,0 por cento. Foi o único resultado positivo. A produção da indústria retrocedeu 3,5 por cento e os serviços apresentaram o pior desempenho, com uma retração de 4,5 por cento. Nos serviços, o menor resultado foi registrado no item “outras atividades de serviços”, que inclui restaurantes, academias e hotéis, e onde o encolhimento da atividade foi de 12,1 por cento. Juntos, serviços e indústria representam 95 por cento da economia nacional.
Foi o pior resultado anual desde o início do Plano Real – pior que as retrações de 2015 e 2016 provocadas pelo desgoverno de Dilma Rousseff. No entanto, o resultado foi um pouco melhor do que as expectativas. No ano passado, durante o auge da pandemia, os prognósticos expressos no relatório Focus, do Banco Central (BC) indicavam um retrocesso superior a 6 por cento, e houve previsões de queda de 10 por cento.
Assim, há duas maneiras de olhar o PIB. Por um lado, ele foi muito ruim. Por outro, ele foi bem melhor do que o pior cenário previsto. Porém, quer se olhe o copo meio cheio ou meio vazio, o PIB fraco confirma com dados concretos as expectativas que vêm sendo expressas pelo dólar forte. A situação da economia brasileira não está tão positiva, e a recuperação econômica prevista para 2021 pode ser menos pujante do que se esperava no início deste ano.
Há várias razões para isso. Além dos motivos puramente econômicos, o ruído político e as intervenções do governo nos preços dos combustíveis e nos impostos custam caro ao País. Pode perguntar a qualquer estagiário em seu primeiro dia de trabalho no Condado: indefinição é igual a risco e expectativas fazem preço. Assim, os danos concretos que a pandemia provocou sobre empresários, trabalhadores e investidores ao longo de 2020 podem levar mais tempo para serem reparados do que se imaginava anteriormente.
Hora de fechar a enorme empresa conhecida como Brasil e jogar as chaves no Mar Morto? Longe disso. Um velho e sábio provérbio escocês diz que, nas crises, uns choram e outros vendem lenços. O PIB fraco e o dólar forte são más notícias, mas que abrem oportunidades para os investidores com alguma liquidez, apetite para risco e paciência para esperar pela colheita dos frutos no médio e no longo prazos. E, claro, as recomendações precisas dos especialistas da Levante Ideias de Investimentos, que valem tanto em tempos de crise quanto em tempos de prosperidade.
E Eu Com Isso?
Apesar de os contratos futuros do índice americano S&P 500 estarem iniciando o dia em alta, os prognósticos para a quarta-feira não são tão positivos por aqui. A confluência entre um risco político elevado e os dados fracos do PIB deverão provocar um dia de baixa nas cotações.