O que já era cogitado por muitos agentes de mercado parece cada vez mais próximo de se concretizar: o pagamento de uma nova rodada do auxílio emergencial. O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta segunda (8) que o governo já trabalha com a possibilidade, mas quer estabelecer uma “linha de corte” em relação ao último grupo de beneficiários que recebeu o auxílio em 2020.
Bolsonaro admitiu que tem sido pressionado por grupos distintos – do Planalto e do Congresso – mas defendeu cautela, citando a possibilidade de descontrole fiscal e consequente reação do mercado no câmbio, na inflação e nos juros. O presidente também citou os números de 2020 para apontar que o pagamento do auxílio, ainda que necessário no momento, foi extremamente custoso.
No ministério da Economia, a ideia inicial é pagar 200 reais por três meses a um grupo restrito – excluindo, inclusive, os beneficiários do programa Bolsa Família. Nesse contexto, também se trabalha para aumentar o número de famílias no programa, diminuindo o universo de beneficiários do auxílio. No entanto, o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, tem adotado a postura de que o tema deve ser decidido entre todas as partes do governo e em interlocução com deputados e senadores. Até porque, vale lembrar, o projeto de pagamento do auxílio no ano passado, inicialmente, também previa 200 reais, mas o Congresso aumentou o montante para 600.
Por fim, também se destaca a fala do novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nesta segunda (8). O senador afirmou que, devido à urgência do novo auxílio, talvez não seja possível condicionar os pagamentos à aprovação de propostas de ajuste fiscal, como a PEC Emergencial.
E Eu Com Isso?
É a primeira vez que o presidente Bolsonaro admite publicamente a volta do auxílio, praticamente confirmando que ele deve voltar sob novo formato e condições. O mercado não reagiu negativamente, uma vez que também já contabiliza a volta do auxílio, mas entende que ele será feito respeitando o teto de gastos.
Nesse sentido, a declaração de Rodrigo Pacheco acabou pesando negativamente para as negociações desta segunda-feira (8), mas, na prática, tem efeito limitado, já que quem bate o martelo nesse tema é o Executivo. Vale ressaltar, porém, que no caso da volta de financiamento desses novos pagamentos por meio do aumento da dívida pública (o que, hoje, não é nosso cenário-base), deve haver repercussão fortemente negativa nos mercados.