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A lição grega de Einstein

Na minha última coluna no blog da Levante, você aprendeu a calcular o rendimento das aplicações financeiras, com foco no investimento em renda variável (ações). Para se cadastrar e receber os textos no seu e-mail é só acessar esse link. Mas como saber se esse rendimento é bom? Afinal, como diria Albert Einstein: “Tudo é relativo” e aqui você aprenderá a lição grega de Einstein.

O rendimento de qualquer investimento sempre deve ser comparado em relação ao seu benchmark ou índice de referência. No mercado de ações os retornos de investimentos em ações, seja através de fundos ou de carteira, geralmente são comparados com o desempenho do Ibovespa.

O Ibovespa é o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo e é composto por 67 ações das 63 empresas mais líquidas do Brasil. A partir de 7 de maio, entra em vigor a nova carteira do Ibovespa com três novas ações: B2W, Gol e CVC. Veja a nova composição da carteira aqui.

A pontuação do Ibovespa é calculada levando-se em consideração o valor de mercado e o volume negociado diário (liquidez) de cada empresa/ação. As ações com maior valor de mercado e maior volume de negócios diários têm maior participação no índice (ex: Vale, Petrobras, Itaú, Bradesco, etc).

As letras gregas

O alfa e o beta (do alfabeto grego) são medidas de suma importância para analisar o desempenho e o risco que um gestor de ações ou investidor individual incorre ao investir numa carteira de ações.

O Alfa

Alfa é o diferencial de rendimento de uma carteira (ou fundo) de ações em relação ao seu índice de referência, que geralmente é o Ibovespa.

Um investidor decide colocar dinheiro em um fundo de investimento em ações e paga as taxas de administração e de performance para obter desempenho acima do índice de referência (benchmark), que na maioria das vezes é o Ibovespa.

Quanto maior for o alfa, maior será o desempenho relativo do fundo e, portanto, maior o prestígio dos gestores. Geralmente, os fundos com desempenho e alfa alto têm boa captação de recursos.

Uma estratégia ativa de investimento em ações busca retornos superiores ao índice de referência.

Um dos fundos de ações bem conhecidos do mercado é o Alaska Black FIA (FIA = fundo de investimento em ações), que obteve rentabilidade de 51% nos últimos 12 meses, comparado a 28% do Ibovespa. O alfa do fundo foi de 23% (51% menos 28%) no período e o patrimônio líquido é de R$ 1,15 bilhão.

Quanto maior o alfa, maior será a taxa de performance paga ao gestor, que geralmente é equivalente a 20% do alfa (excesso de rendimento do fundo em relação ao desempenho do Ibovespa no período).

Como eu já disse anteriormente no meu artigo sobre risco, o investidor deve analisar não somente o retorno de um portfólio de investimentos, mas também a volatilidade do retorno daquele ativo.

O Beta

O beta é uma medida de risco (ou risco sistemático) de uma ação ou carteira de ativos em comparação com um índice de referência. O beta de uma ação de uma empresa é uma medida importante da volatilidade do preço das ações da empresa em relação ao índice (no caso do Brasil, o Ibovespa).

Em outras palavras, o beta é uma correlação estatística entre o comportamento de uma determinada ação e o comportamento de um índice de referência num determinado período. Se a ação fosse, por exemplo, a Apple, a comparação seria feita com o desempenho da bolsa americana Nasdaq.

O beta de um ativo (ação) é calculado da seguinte forma: covariância entre o retorno do ativo e do Mercado dividido pela variância do retorno do mercado.

Por exemplo, o beta das ações da Petrobras (PETR4) nos últimos dias foi de 1,53x, que significa que para cada 1% de alta/baixa no Ibovespa, houve uma alta/baixa de 1,53% nas ações da Petrobras.

Quando a correlação é positiva, quer dizer que a ação se move no mesmo sentido do índice de referência. Por outro lado, quando a correlação é negativa, o comportamento do ativo terá sentido oposto ao índice de referência. Por exemplo: taxa de câmbio (dólar) e Ibovespa, quando o dólar sobe, o Ibovespa geralmente está em queda.

Sempre que o beta for próximo de 1,0x, o comportamento da ação será muito parecido com o do Ibovespa. Betas mais altos como (por exemplo, 2,0x) significam ações mais arriscadas e que tem volatilidade maior. Betas abaixo de 1,0x significam ações menos arriscadas e menos voláteis.

Num portfólio de ações é muito importante equilibrar os betas das ações, empresas e setores, de maneira que o risco não seja muito alto. Assim, se a carteira tiver três ações, o ideal é ter uma ação com beta perto de 1,0x (ex: CCR e BRMALLS), uma ação com beta menor que 1,0x (ex: setor elétrico) e uma ação de beta mais alto (ex: Cyrela e Rumo).

Leia também: Investimento em Valor
– Em busca do preço justo
– Os seus ganhos na Bolsa na ponta do lápis

Em outra coluna explicarei mais sobre risco e volatilidade de um portfólio de ações. Nas próximas colunas, falaremos mais sobre o modelo de precificação de ativos (capital asset pricing model: CAPM).

Nesta coluna, eu deixei claro o significado do alfa e do beta no desempenho e risco de uma carteira de ações.

Minha missão é te ajudar a entender mais sobre Value Investing e análise fundamentalista de empresas, por isso continue acompanhando a minha coluna e não esqueça: se você ficou com alguma dúvida, é só mandar um e-mail para [email protected].

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