guerra comercial

Trump morde e assopra

O presidente americano Donald Trump submeteu os investidores e os profissionais do mercado financeiro a uma dose reforçada de suspense nas últimas horas. Como se quisesse compensar o silêncio forçado durante sua internação, Trump saiu do hospital na noite da segunda-feira (5) tuitando furiosamente. Na terça-feira (6) ele publicou comentários conflitantes. Em um deles, ele anunciou a suspensão das negociações com a oposição Democrata no Congresso americano para o novo pacote de estímulos econômicos. Novas tratativas só em novembro, “após eu ganhar as eleições”, escreveu Trump. A suspensão foi decidida apesar de, horas antes, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ter previsto “consequências trágicas” para a economia americana se os estímulos não fossem aprovados. A notícia, claro, caiu como uma bomba nos pregões. Apesar de estar acumulando uma alta de 0,7 por cento, o índice S&P 500 fechou em queda de 1,4 por cento na terça-feira.

No entanto, horas depois, Trump voltou ao Twitter e declarou seu apoio a medidas de estímulo. Mais especificamente, um cheque individual e único de 1.200 dólares e uma ajuda de 25 bilhões de dólares para as companhias aéreas. Como seria de se esperar, os contratos futuros de índices americanos subiram durante a madrugada. Os índices acionários na Ásia fecharam com pequenas oscilações e sem uma tendência definida. O mesmo ocorre com os pregões da Europa. Os contratos futuros de S&P 500 começam o dia em alta.

A indefinição de Trump acrescentou ainda mais combustível a uma disputa eleitoral já bastante inflamada. A senadora republicada Susan Collins, do Maine, cuja reeleição é uma das mais incertas, disse que a decisão do presidente de esperar até a eleição era “um grande erro”. Já o candidato democrata Joseph Biden não poupou palavras. “Não se engane”, escreveu o oposicionista. “Se você está desempregado, se sua empresa está fechada, se a escola dos seus filhos não está funcionando, se há demissões na sua cidade, Donald Trump decidiu hoje que nada disso importa para ele.”

O acirramento da campanha e a guerra de declarações tornam os resultados da eleição ainda menos previsíveis. Por um lado, a divulgação de mensagens conflitantes faz Trump elevar seu protagonismo no discurso, desviando os holofotes de Biden. No entanto, isso pode apresentar um efeito adverso. A “grande obra” dos quatro anos de Trump é uma economia americana em expansão, com desemprego baixo e lucro das empresas em alta. Se não fosse a pandemia provocada pelo coronavírus, a reeleição de Trump seria praticamente certa. Porém, a retração dos negócios corrói seu prestígio junto ao eleitorado mais conservador e aumenta as chances de uma vitória democrata. Daí a necessidade de Trump buscar voltar a liderar o discurso. Esperam-se muito mais tuítes (e muito mais volatilidade) nas próximas semanas.

INDICADORES 1 – O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu 3,30 por cento em setembro, percentual inferior aos 3,87 por cento de agosto. O IGP-DI agora acumula uma alta de 14,80 por cento no ano e de 18,44 por cento em 12 meses. Em agosto de 2019, o índice havia variado 0,50 por cento e acumulava elevação de 3,00 por cento em 12 meses. Os preços do grupo Alimentação subiram 1,81 por cento em setembro. E a alta do dólar fez os preços do Material de Construção avançaram 2,5 por cento no mês passado. No entanto, o Índice de Preços ao Produto Amplo (IPA), que representa 60 por cento do IGP-DI, desacelerou. O IPA subiu 4,38 por cento em setembro, após ter avançado 5,44 por cento em agosto, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV).

INDICADORES 2 – O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) da FGV subiu 7,2 pontos em setembro, para 82,0 pontos. Em médias móveis trimestrais, o IAEmp avançou 8,4 pontos, para 74,3 pontos. Apesar de cinco meses de altas consecutivas, percebe-se uma desaceleração do crescimento do indicador a partir de julho, informou a FGV. O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) se manteve estável em setembro em 96,4 pontos. Em médias móveis trimestrais, houve recuo de 0,3 ponto para 96,7 pontos. O ICD é um indicador com sinal semelhante ao da taxa de desemprego, ou seja, quanto menor o número, melhor o resultado.

Apesar da turbulência no encerramento dos negócios na terça-feira, os pregões começam em alta nesta quarta-feira, com os contratos futuros de Ibovespa avançando 0,65 por cento e os contratos futuros do S&P 500 subindo 0,77 por cento às 9:30 da manhã.

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