Segundo informações de mercado, a empresa de participações do BNDES, a BNDESPar, que detém aproximadamente 14 por cento do capital da Klabin, aceitou a contraproposta oferecida pelas famílias controladoras para encerrar o pagamento de royalties pelo uso da marca “Klabin” nos seus produtos.
A primeira proposta envolvia o pagamento via emissão de 93 milhões de novas ações ordinárias (KLBN3) que, no início das negociações, valiam pouco menos de 4 reais por ação. Assim, a família receberia 367 milhões de reais em ações da companhia pelos direitos de uso da marca.
Porém, com o aumento do preço da KLBN3 em mais de 1 real por ação em poucas semanas, a transação passou a ter o potencial de remunerar os controladores em 470 milhões de reais, valor que o BNDESPar não estaria disposto a pagar.
Nesse contexto, o atual acordo ajustou a quantidade de ações para 70 milhões de ações KLBN3. Com isso as famílias receberão ações cujo valor de mercado corresponde a 362 milhões de reais, valor próximo ao da proposta original.
Como os controladores não poderão votar na Assembleia destinada a deliberar esse assunto, o BNDESPar é uma espécie de representante de peso dos minoritários, que certamente esperavam qual seria o posicionamento da instituição para decidir seus votos.
Acreditamos que esta notícia, embora extraoficial, signifique que o desfecho desta longa história está mais próximo. Dessa forma, esperamos impacto positivo no preço das ações da Klabin (KLBN3/KLBN4/KLBN11) na sessão desta quinta-feira (15).
A discussão sobre o pagamento dos royalties à família Klabin é antiga e o pagamento de um valor pelo uso da marca representa um grande avanço em termos de governança corporativa para a Klabin. A empresa está sendo transparente e está discutindo com os acionistas minoritários sobre o assunto.
A essência da discussão está no “valor justo” de uma marca, algo que, por definição, é extremamente complexo e até certo ponto subjetivo. Tratando-se ainda dos produtos fabricados e comercializados pela companhia (celulose, embalagens, papel cartão) avaliamos que o diferencial da marca “Klabin” tem impacto limitado na percepção de valor do cliente.
Além disso, a marca “Klabin” agrega valor à empresa na comercialização dos produtos, mas, por outro lado, a marca vale muito menos sem a existência da empresa.
A Assembleia Geral Extraordinária (AGE) que trata do assunto está marcada para o dia 30 de outubro e, ao que tudo indica, haverá acordo entre os minoritários, representados principalmente pelo BNDESPar e pelo investidor Luiz Barsi e os controladores, que detém o direito de uso da marca por meio da empresa Sogemar.
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