Sem muita atividade, de fato, em Brasília, sobra espaço para que as declarações de grandes figuras políticas sejam postas nos holofotes. Foi o que ocorreu ontem, durante todo o dia, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Após ter criticado o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por supostamente ter vazado conversa privada entre os dois, Rodrigo Maia voltou atrás de suas declarações e retificou a crítica. Cerca de uma hora após a publicação de post no Twitter, Maia afirmou que recebeu ligação do presidente do Banco Central (BC), onde Campos Neto afirmou que não teria vazado a conversa à imprensa. Maia deixou registrada “a ligação e a confiança que tenho nele”, referindo-se ao presidente do BC.
Durante a tarde, foi a vez de Paulo Guedes agitar os mercados ao defender o imposto digital, mas logo em seguida dizer que o tributo está virtualmente inviabilizado: “do meu ponto de vista, o imposto está morto; o presidente justamente fala isso, ou tem uma coisa certa, ou não existe”. Ainda no mesmo evento, Guedes atacou a Federação Brasileira de Bancos ao afirmar que ela estaria financiando estudos para “furar o teto”, em clara referência indireta ao ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que é próximo da organização.
Não é a primeira vez que os dois ministros entram em rota de colisão e interlocutores de Marinho entenderam o recado, mas fizeram questão de pontuar que o trabalho desenvolvido com a Febraban vai justamente na contramão da fala do ministro da Economia – a ideia é buscar formas de alavancar projetos com financiamento exclusivo do setor privado.
Ao fim de mais uma semana de pouquíssima atividade legislativa, ficando a política fora do radar de investidores, espera-se que a semana seguinte tenha mais novidades positivas. Estão marcadas importantes pautas para as sessões da semana que vem: votação de vetos do presidente da República (desoneração e marco legal do saneamento inclusos), Medidas Provisórias de interesse do governo na Câmara e a autonomia do Banco Central no Senado Federal.
Quem sabe assim, com menos falatório e mais ação, os resultados possam animar os mercados – que ainda toleram uma falta de resolução sobre as questões fiscal e orçamentária, mas vão estressando os ativos na espera de um desfecho positivo. Para o pregão de hoje, a política não deve fazer preço.
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