Durante a madrugada da sexta-feira, enquanto os votos no estado americano da Georgia eram laboriosa e manualmente contados, o candidato oposicionista democrata Joseph Biden superou o republicano Donald Trump na preferência dos eleitores. Se isso se confirmar e os 16 delegados georgianos referendarem Biden, isso deixará o democrata com 286 votos. Bem acima dos 270 necessários para que ele chegue à Casa Branca. E na Pensilvânia, outro estado decisivo, a vantagem de Trump se estreitou para pouco mais de 18 mil votos. Faltam ainda mais de 200 mil votos para ser contados no Estado, que tem 20 delegados. Uma eventual virada de Biden também na Pensilvânia o elegeria com 306 votos, consagrando a vitória do partido Democrata – que também manteve a maioria na Câmara dos Deputados. No entanto, os democratas não conseguiram a maioria no Senado e falharam em emplacar a chamada “onda azul” (azul e é a cor do partido), ou seja, levar o Executivo e as duas casas legislativas. Com isso, o cenário mais provável é de um equilíbrio de forças entre os dois partidos. (LEIA MAIS ABAIXO, EM POLÍTICA)
Se confirmada, essa perspectiva será benéfica para países emergentes como o Brasil, pois deverão unir pontos positivos de duas políticas. Haverá mais entraves para as propostas democratas de elevar impostos sobre os americanos de renda mais alta, e também de tributar mais pesadamente as empresas, o que será menos danoso para os resultados corporativos. E também deverá haver uma reversão da agressiva política protecionista de Trump e seu “America First” (Estados Unidos em primeiro lugar), com uma retomada dos acordos comerciais multilaterais, em vez da política de acertos bilaterais perseguida por Trump.
Para melhorar o humor, na tarde da quinta-feira (5), o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) encerrou sua reunião do Fomc, o Copom americano. A decisão confirmou as expectativas de manter os juros referenciais perto de zero. Além disso, Jerome Powell, presidente do Fed, voltou a afirmar que a política do Fed é manter os estímulos monetários para não interromper o processo de recuperação da economia, o que animou os investidores.
INDICADORES 1 – A alta no preço dos alimentos e das passagens aéreas pressionou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, que acelerou para 0,86 por cento, acima dos 0,64 por cento registrados em setembro, informou nesta manhã o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o maior resultado para um mês de outubro desde os 1,31 por cento de 2002. Com isso a inflação acumula alta de 2,22 por cento no ano e de 3,92 por cento em 12 meses. Em outubro de 2019, o indicador havia ficado em 0,10 por cento. Mais uma vez, a maior variação veio do grupo Alimentos e Bebidas, cujos preços subiram 1,93 por cento.
INDICADORES 2 – O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu 3,68 por cento em outubro, acima dos 3,30 por cento de setembro. O IGP-DI acumula alta de 19,02 por cento no ano e de 22,12 por cento em 12 meses. Em outubro de 2019, o índice havia variado 0,55 por cento e acumulava elevação de 3,29 por cento em 12 meses. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 4,86 por cento em outubro, ante 4,38 por cento em setembro. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) desacelerou para 0,65 por cento em outubro, após subir 0,82 por cento em setembro. E o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 1,73 por cento em outubro, ante 1,16 por cento no mês anterior.
A confluência entre os resultados eleitorais americanos e as expectativas de manutenção dos estímulos monetários sustentou diversas altas nas ações. O Ibovespa fechou na quinta-feira acima de 100 mil pontos pela primeira vez desde 22 de outubro. Nesta sexta-feira, um movimento de realização de lucros está fazendo os contratos futuros do Ibovespa e do índice americano S&P 500 iniciarem os negócios em queda.
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