A Iguatemi (IGTA3) divulgou nesta quinta-feira (5), após o fechamento dos mercados, seus resultados referentes ao terceiro trimestre de 2020.
O resultado foi pouco animador e em linha com o esperado, com resultado operacional ainda bastante impactado pela pandemia da Covid-19.
Os shopping centers da Iguatemi reabriram no trimestre e funcionaram em média 69 por cento do tempo em setembro (33 por cento em junho). No começo de novembro a capacidade de utilização dos shopping centers aumentou para 84 por cento.
Com isso, as vendas dos lojistas dos shoppings se recuperaram: passando de 155 milhões em maio (auge da quarentena) para 773 milhões de reais em setembro, 23 por cento abaixo do mesmo período de 2019 pré-pandemia. As vendas do 3T20 ficaram 45 por cento abaixo das vendas no mesmo período de 2019.
As vendas mesmas lojas apresentaram queda de 37,5 por cento no trimestre, com redução de 28,5 por cento nos aluguéis mesmas lojas no 3T20 em relação ao mesmo período de 2019.
A Iguatemi concedeu descontos nos aluguéis aos lojistas adimplentes nos meses de julho e agosto em que alguns empreendimentos ficaram fechados.
O principal destaque negativo foi o nível de inadimplência líquida que aumentou para 13,2 por cento no trimestre, um dos níveis mais elevados das empresas do setor de shopping centers. A taxa de ocupação dos shopping centers caiu para 91,6 por cento (93,6 por cento no 2T20).
Devido ao efeito de linearização dos descontos nos aluguéis, a receita bruta de aluguel totalizou 143 milhões de reais, redução de apenas 3,8 por cento em relação ao 3T19. Por outro lado, a receita de estacionamento apresentou redução de 68 por cento no trimestre.
A receita líquida totalizou 182 milhões de reais, estável em relação ao 3T19.
O Ebitda somou 134 milhões de reais, uma queda de 20 por cento na comparação anual.
O lucro líquido fechou o trimestre em 61,1 milhões de reais, redução de 29 por cento em relação ao 3T19.
O resultado da Iguatemi foi bastante afetado pela pandemia da Covid-19 que fechou os shopping centers no trimestre e prejudicou o desempenho operacional, o que já era esperado pelo mercado.
No lado positivo, os descontos nos aluguéis dos lojistas foram mais baixos e as provisões para devedores duvidosos (PDD) foram menores do que o esperado. As vendas dos lojistas apresentaram trajetória de recuperação mostrando que o pior ficou para trás no setor de shopping centers.
Entretanto, nos chamou a atenção o aumento do nível de inadimplência. Portanto, esperamos impacto negativo no preço das ações (IGTA3) no curto prazo no pregão desta sexta-feira (6), com desempenho inferior ao Ibovespa.
No ano as ações da Iguatemi (IGTA3) seguem pressionadas e registram forte queda de 38,3 por cento, desvalorização maior do que o recuo de 12,9 por cento no Ibovespa. O mercado segue cético com as companhias de shopping centers no Brasil, um dos setores mais afetados pelo cenário de pandemia
A companhia fechou o trimestre com caixa de 1,2 bilhão de reais, com nível de endividamento medido pela relação dívida líquida/Ebitda de 3,11 vezes.
A Iguatemi realizou uma captação de recursos através da emissão de debêntures no valor de 500 milhões de reais em outubro, com objetivo de reforçar o caixa e fazer frentes aos vencimentos de dívida no curto prazo.
Os principais catalisadores das ações IGTA3 e do setor de shopping centers são: duração da quarentena nos grandes centros, bem como o ritmo de recuperação na confiança do consumidor e nas vendas do varejo físico.
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