Uma das tarefas mais difíceis para o investidor, mesmo o experiente, é identificar corretamente os movimentos nos preços dos ativos. O que foram a alta de ontem ou a queda desta manhã: apenas volatilidade de curto prazo, ou uma tendência consistente de valorização ou de desvalorização? Se você tem dificuldades em diferenciar umas e outras, não se sinta incompetente. Mesmo profissionais de mercado tarimbados, com muitos anos de estrada, ficam na dúvida. A posteriori, tudo fica mais fácil. Ou, como diz a velha frase, nada mais fácil do que prever o passado.
O movimento da semana que se encerra nesta sexta-feira é um bom exemplo. O Ibovespa recuou 2,2 por cento na quinta-feira (12). Foi uma realização de lucros de curto prazo, justificada pelo aumento do número de casos de coronavírus na Europa e nos Estados Unidos, ou foi o fim de um movimento de valorização que se iniciou há alguns dias e que chegou a seu final? Prever os movimentos futuros de curto prazo do mercado é uma tarefa árdua. Nessas horas, é preciso voltar aos fundamentos. E eles são positivos.
Por exemplo, o IBC – Br de setembro, divulgado na quinta-feira pelo Banco Central (BC). Considerado uma prévia mensal do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado a cada três meses pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IBC-Br de setembro mostrou um aumento de 0,74 por cento em setembro, sem considerar as variações sazonais. O resultado dessazonalizado foi ainda melhor, com um aumento de 1,28 por cento no PIB. Foi a quinta alta consecutiva, e reduziu a retração anual do PIB para 1,98 por cento. Só para comparar, em junho, o mesmo indicador mostrava um encolhimento de 7,66 por cento no PIB.
O desempenho da economia, os resultados das empresas, todos esses números mostram que, apesar dos sustos da pandemia, os agentes econômicos estão se mostrando capazes de enfrentar a crise. Claro, há prejuízos pesados por todos os lados e inúmeros setores que vão emergir no mundo pós-pandemia (ou pós-vacina) profundamente modificados. Mesmo assim, as empresas – e as companhias brasileiras não são exceção – estão mostrando uma resiliência elevada e conseguem continuar operando e produzindo apesar dos novos desafios. E essa percepção é o que deve nortear o mercado para o alto e avante no longo prazo, apesar das pesadas oscilações de curto prazo.
Após a queda da véspera, a sexta-feira começa com um movimento positivo nos mercados. Os contratos futuros de Ibovespa e os contratos futuros do índice americano S&P 500 estão avançando, ambos, 0,7 por cento na abertura, o que indica a probabilidade de um dia positivo.
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