O Magazine Luiza (MGLU3) apresentou nesta segunda-feira (9), após o fechamento do mercado, seus resultados do terceiro trimestre de 2020. Os números vieram bons e acima do esperado, principalmente em termos de vendas brutas totais (GMV), receita líquida e geração de caixa operacional.
Os principais destaques positivos foram: i) crescimento de vendas acima do esperado em todos os canais de venda, em especial no físico e no varejo digital direto (1P); ii) taxa de crescimento das vendas online três vezes superior ao do mercado, o que significa ganhos de participação (market share) e iii) geração operacional de caixa de 883 milhões de reais.
Não houve grandes destaques negativos no resultado. Porém, as margens bruta, Ebitda e líquida apresentadas não foram tão empolgantes como o crescimento na linha de receita líquida.
As vendas brutas totais (GMV) foram de 12,35 bilhões de reais, 81 por cento a mais que no mesmo período de 2019.
A receita líquida foi de 8,3 bilhões de reais, aumento de 71 por cento na comparação anual.
Enquanto isso o Ebitda, métrica utilizada para medir o potencial de geração de caixa da companhia foi de 561,2 milhões de reais, aumentou 41 por cento na comparação anual. A margem Ebitda caiu de 8,2 por cento no 3T19 para 6,8 por cento neste trimestre.
Por fim o lucro líquido foi de 216 milhões de reais, 70 por cento a mais que no 3T19.
O resultado do Magazine Luiza foi bom e superior às expectativas do mercado. Assim, nós esperamos impacto positivo no preço das ações MGLU3 no curto prazo. O desempenho abaixo da média de mercado nesta segunda-feira (queda de 3,2 por cento contra uma alta de 2,6 por cento no Ibovespa) também abre espaço para uma valorização maior nas próximas sessões.
O Magalu “vendeu igual água” em todos os seus canais. Destacamos as lojas físicas, o varejo digital direto (1P) e o marketplace (3P), nesta ordem.
No varejo físico, o indicador de Vendas Mesmas Lojas, que expurga as lojas abertas da comparação apresentou crescimento de 7,2 por cento, mesmo com todas as restrições ainda em vigor devido a pandemia. Algumas unidades ficaram fechadas em parte do trimestre e, ajustando o indicador pelo período mesmos dias o crescimento foi de 18 por cento na comparação com o 3T19.
No varejo digital direto (1P), o crescimento das vendas foi de 150 por cento, em linha com a taxa de crescimento do 2T20 e acima do que esperávamos. O marketplace (3P) cresceu 145 por cento, algo que de longe deve ser considerado ruim. Contudo, a taxa veio bem abaixo dos últimos trimestres (entre 200 por cento e 300 por cento), e avaliamos o desempenho como relativamente pior ao dos outros canais.
Esse crescimento menos intenso no marketplace é explicado pela volta da “omnicanalidade” com a empresa utilizando as suas lojas físicas na logística de entrega com o “clique e colete” e o retire na loja.
As margens apresentadas foram medianas, mas há uma história capaz de explicá-las. Em primeiro lugar, a margem bruta recuou de 29,3 por cento para 26,2 por cento na análise anual. Isso se deve, basicamente, a maior participação das vendas online, cujo ambiente de preços é mais agressivo e o custo variável, maior.
A margem Ebitda também recuou, como comentamos acima. Conforme falamos no comentário do 2T20, a margem Ebitda havia sido uma surpresa positiva. Contudo, a empresa havia postergado o aumento das despesas devido a pandemia. Neste trimestre houve um “efeito rebote”, algo que a companhia chamou de “investimentos em nível de serviço”. Ou seja, investimentos para manter a qualidade nos serviços tanto para seus clientes (1P) como seus parceiros (3P).
A respeito deste ponto acima, nós ressaltamos que o Magazine Luiza é uma companhia de varejo com perfil “tech” e, por essência, intensiva em trabalho. Isso significa que parte relevante dos seus investimentos é em pessoal (pesquisa e desenvolvimento, atendimento etc.), o que aumenta as despesas e reduz o resultado no período. Em empresas industriais, a parte mais relevante dos investimentos não passa no resultado do período, apenas na demonstração de fluxo de caixa.
O catalisador das ações do Magazine Luiza é: i) a retomada definitiva do varejo físico; ii) seu desempenho operacional na Black Friday; iii) o desempenho das vendas após findar o auxílio emergencial e iv) melhora na margem operacional nos próximos resultados.
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