A M. Dias Branco (MDIA3) apresentou na última sexta-feira (6), após o fechamento do mercado, seus resultados do 3T20. Os números vieram mistos, com bom desempenho na linha da receita, mas alguma decepção no seu resultado operacional ajustado.
Os principais destaques positivos foram: i) aumento no volume acima de dois dígitos nos principais segmentos (biscoitos e massas), o que levou a um crescimento de receitas acima das expectativas, e ii) bom controle de despesas com vendas e gerais/administrativas.
Já os destaques negativos foram: i) a perda de 0,5 ponto percentual na sua participação de mercado nos segmentos de biscoito e massas no Brasil, e ii) mais uma queda na margem bruta, que passou de 34,5 por cento no 3T19 para 32,9 por cento no 2T20 e para 32 por cento no 3T20.
A receita líquida no trimestre foi de 2,03 bilhões de reais, aumento de 30,9 por cento na comparação anual.
Enquanto isso o Ebitda, métrica utilizada para medir o potencial de geração de caixa da companhia foi de 328 milhões de reais aumento de 74,4 por cento na comparação anual. Porém, 125 milhões se devem ao saldo de itens não recorrentes. Expurgando-o da base comparável, o crescimento nesta linha teria sido de 7,9 por cento, abaixo do crescimento na linha de topo.
Por fim o lucro líquido foi de 265,4 milhões de reais, 97 por cento a mais que no 3T19. Os ganhos não recorrentes nesta linha totalizaram 93 milhões de reais. Retirando-os da comparação, o crescimento foi de 28 por cento.
O resultado da M. Dias Branco (MDIA3) foi misto, com a receita vindo acima do esperado, mas números ruins nos indicadores de participação de mercado e de margem bruta.
Acreditamos que o tom mais negativo deve prevalecer na interpretação do mercado e, com isso, esperamos impacto negativo no preço das ações MDIA3 no curto prazo.
O que impulsionou positivamente o resultado foi o fator volume: foi vendido um total de 875 milhões de toneladas no período, recorde trimestral da companhia. Dentre os segmentos, especial destaque para as massas, com crescimento de 38,6 por cento.
Apesar disso, a alavanca operacional de maior volume não foi suficiente para gerar ganhos nas margens (bruta e Ebitda). Com o ambiente ultra competitivo neste setor, os preços ficaram praticamente estáveis, mas os insumos (custos) subiram na comparação anual devido ao real mais fraco, impactando a sua margem bruta.
As despesas com vendas em percentual da receita líquida recuaram quase 2 pontos percentuais, enquanto na linha de gerais e administrativas os ganhos foram de 0,3 pontos percentuais.
A margem Ebitda no período desconsiderando os ajustes foi de 10 por cento, queda de 2,1 pontos percentuais na comparação anual. Na nossa visão este ponto será vital na interpretação do mercado nos números, “prejudicando” a leitura do 3T20 da companhia.
O principal catalisador das ações da M Dias Branco será a execução da sua estratégia de reajuste de preços dos seus produtos, de maneira a compensar a alta do dólar nos custos da empresa (trigo) e melhorar a sua margem operacional.
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