A Hypera (HYPE3) apresentou na última sexta-feira (24) os seus resultados referentes ao segundo trimestre de 2020. Na nossa avaliação os números vieram bons e acima das expectativas, com impacto da Covid-19 bastante moderado nas principais linhas do resultado.
Os principais destaques positivos foram: (i) aumento da receita líquida, que combinada com a redução nas despesas gerou ganhos de margem no período, (ii) forte geração de caixa, que levou a companhia a divulgar a distribuição de Juro Sobre Capital Próprio (JCP) aos seus acionistas de 0,29 reais por ação, montante 15 por cento superior ao distribuído no 2T19. O Retorno Líquido do Provento é de 0,7 por cento.
Ademais, a farmacêutica divulgou as suas novas projeções (guidance) para o restante do ano. Anteriormente, era esperada uma receita líquida entre 4,25 bilhões e 4,35 bilhões de reais e um lucro líquido de 1,275 bilhão de reais. Agora, a projeção é que a receita líquida feche 2020 próxima aos 4,0 bilhões de reais, enquanto o lucro líquido atinja 1,3 bilhão de reais.
O resultado da Hypera foi bom e esperamos impacto positivo no preço das suas ações (HYPE3) no curto prazo.
No ano as ações da Hypera (HYPE3) recuam apenas 2,3 por cento, desempenho bastante superior ao do Ibovespa, que tem perdas acumulada de 11,5 por cento em 2020.
A receita líquida no 2T20 foi de 1.050 milhões de reais, um crescimento de 7,9 por cento na comparação com o mesmo período do último ano. O número foi impulsionado pelo aumento no preço médio de compra das farmácias e redes (sell-out) praticado no final de março nas categorias de vitaminas e suplementos (Consumer Health) e em Similares e Genéricos devido a corrida às farmácias e drogarias no final daquele mês, movimento que foi capturado apenas no resultado deste trimestre.
Apesar disso, o sell-out do trimestre completo apresentou uma queda de 1,6 por cento em relação ao mesmo período de 2019, devido às consequências pandêmicas no contexto operacional da companhia, que durante o mês de abril verificou uma queda acentuada na movimentação nos seus principais postos de venda bem como a queda acentuada no número de consultas médicas.
Já o Ebitda foi 449,2 milhões de reais, um crescimento de 59 por cento na comparação anual e uma margem de 42,8 por cento, 13,7 p.p a mais que a base do 2T19.
O principal destaque positivo foi a redução nas despesas com vendas e marketing em percentual da receita e o controle das despesas gerais e administrativas, devido ao menor número de visitas médicas.
O Ebitda foi beneficiado pela linha de outras receitas em 106,9 milhões de reais. Aqui houve a celebração do “termo de pagamento no qual o principal acionista co-controlador efetuará o pagamento à companhia dos pagamentos indevidos identificados nos trabalhos do Comitê Independente”.
Mesmo assim, a margem Ebitda ajustada (sem o efeito acima) atingiu 32,3 por cento, acima dos 29,1 por cento do mesmo período de 2019, o que é notável se forem considerados os efeitos da quarentena da pandemia da Covid-19.
Com isso a Hypera fechou o trimestre com lucro líquido de 396 milhões de reais (sem excluir o efeito não recorrente), um crescimento de 17,6 por cento na comparação com o 2T19. Aqui também foi notado ganhos de margem: de 34,6 por cento no 2T19 para 37,7 por cento neste trimestre.
Por fim a companhia registrou uma forte geração de caixa operacional de 352 milhões de reais, em especial se considerar o contexto atual da economia, duramente afetada pela Covid-19. Já a geração de caixa livre foi de 239 milhões de reais no trimestre.
Após o bom resultado, os catalisadores das ações da Hypera (HYPE3) passam a ser: (i) o anúncio do preço de venda das suas marcas (Xantinon) para aprovação da aquisição da Takeda Medicamentos e; (ii) o resultado do julgamento do Cade na aquisição da marca Buscopan, marcada para o dia 30 deste mês.