O grande destaque no pregão da terça-feira (14) foram as ações da mineradora Vale (VALE3), que subiram mais de 7 por cento e fecharam na cotação recorde de 61,70 reais. As ações da Bradespar (BRAP4), empresa de participações do Bradesco (BBDC4) que possui muitos papéis da Vale, também subiram quase 7 por cento. O avanço foi provocado por uma notícia que veio de longe, do outro lado do mundo. Dados da administração alfandegária chinesa revelaram que as importações de minério de ferro subiram 9,6 por cento no primeiro semestre deste ano e atingiram 547 milhões de toneladas. As importações de junho foram de 101,7 milhões de toneladas, alta de 35 por cento em relação ao mesmo mês de 2019.
Foi o suficiente para fazer as cotações do minério de ferro subirem 1,3 por cento na terça-feira, para 112 dólares a tonelada. É o maior nível em 11 meses. Em julho, a alta é de 13 por cento. No acumulado do ano, devido à recuperação da economia chinesa, o avanço das cotações do minério de ferro supera 20 por cento. Claro, isso beneficia as ações da Vale. A expectativa é que a mineradora volte a pagar dividendos. Os proventos estavam suspensos desde o início do ano passado, quando ocorreu a tragédia em Brumadinho.
O movimento das ações da Vale no pregão da terça-feira é apenas um indicador da simbiose entre as economias do Brasil e da China. Na manhã desta quarta-feira, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou seu relatório sobre comércio exterior. A conclusão da Fundação é que as commodities continuam sustentando o bom desempenho das exportações brasileiras.
As exportações de commodities representaram 70 por cento das vendas externas brasileiras e cresceram 10,5 por cento entre os meses de junho de 2019 e 2020. As exportações de não commodities caíram 24 por cento. O bom desempenho das commodities foi explicado pelo aumento do volume exportado, um aumento de 33,9 por cento na comparação interanual de junho e de 13,4 por cento na comparação entre o acumulado do primeiro semestre deste ano com o de 2019.
Já as exportações de não commodities têm recuado ao longo do ano em relação a 2019 e acumulam uma queda de 19,8 por cento entre o acumulado até junho de 2019 e 2020. No entanto, segundo a FGV, as exportações não devem manter o ritmo de crescimento no segundo semestre.
Segundo a Fundação, os resultados confirmam a importância crescente da China e dos demais países asiáticos, que consomem 50 por cento das exportações brasileiras. Ou seja, nesta quarta-feira é recomendável ir dormir um pouco mais tarde. Às 23 horas (horário de Brasília) o governo chinês deve divulgar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, e os prognósticos são de uma alta de 1,5 por cento.
INDICADORES – A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) em julho foi de 1,91 por cento, acima dos 1,55 por cento de junho. A alta acumulada no ano é de 6,55 por cento no ano. Em 12 meses, a inflação é de 8,57 por cento. Em julho de 2019, o índice subira 0,61 por cento no mês e acumulava elevação de 6,23 por cento em 12 meses. A inflação subiu devido à alta dos combustíveis, especialmente a gasolina, cujos preços subiram 4,17 por cento, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Os dados positivos sobre o cenário internacional, além de mais notícias positivas sobre tratamentos contra o coronavírus, animaram o mercado. Os contratos futuros de Ibovespa e do índice americano S&P 500 estão começando a quarta-feira em alta. O cenário é positivo, apesar do ambiente de volatilidade.
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