Redução do prognóstico do IPCA pressionou o câmbio
A segunda-feira (13) tinha tudo para se um dia modorrento, sem grandes indicadores econômicos, nem notícias relevantes do Exterior. No máximo, a perspectiva positiva da chegada do vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, a Washington. Liu desembarcou na capital americana para sacramentar a primeira fase do acordo comercial entre China e Estados Unidos, que provocou choro e ranger de dentes entre os investidores ao longo de todo o ano de 2019. No entanto, o dia no mercado foi tenso.
O dólar fechou em 4,1412 reais, alta de 1,19 por cento. No mercado futuro de juros, as taxas também subiram, em sintonia com a apreciação do câmbio. O contrato de DI Futuro com vencimento em janeiro de 2021 subiu de 4,47 por cento para 4,49 por cento. A taxa dos vencimentos mais longos também subiu. Os contratos para janeiro de 2023 fecharam a 5,68 por cento ao ano ante 5,73 por cento da sexta-feira (10). A taxa dos contratos para janeiro de 2025 avançou de 6,38 por cento para 6,45 por cento ao ano.
Apesar desse movimento, o Índice Bovespa avançou 1,58 por cento e fechou a 117.325 pontos, e o risco-país manteve-se inalterado. A taxa dos Credit Default Swap de cinco anos avançou apenas um ponto-base (centésimo de ponto percentual) para fechar em 100 pontos-base.
O que aconteceu? Na avaliação dos especialistas, os profissionais do mercado refizeram as contas e colocaram na equação os novos dados de desaquecimento da economia referentes a novembro. A inflação de 2019 medida pelo IPCA surpreendeu ao registrar 4,31 por cento, logo acima do centro da meta, mas os prognósticos são de preços mais comportados em 2020. O relatório Focus divulgado na segunda-feira (13) indicou uma redução do prognóstico para o ano. A correção foi ínfima, caindo de 3,60 por cento para 3,58 por cento. No entanto, como o que importa é a tendência, a aposta de novos cortes na taxa referencial Selic ganhou força.
Juros em baixa reduzem ainda mais a propensão dos investidores internacionais a trazer dinheiro de fora para o País. Na expectativa de que pode haver menos dólar na praça, a reação imediata do mercado foi comprar antecipadamente. No entanto, esse foi um movimento puramente técnico. Ou seja, o na segunda-feira (13) registrou-se o fato raro de uma movimentação do câmbio que mais técnica do que uma reação às expectativas.
Os indicadores econômicos a serem divulgados nesta terça-feira (14) podem confirmar a tese de que a economia não está tão aquecida quanto parecia. Às 10:20, Waldery Rodrigues, secretário especial de Fazenda, e Adolfo Sachsida, secretário especial de Política Econômica, divulgam a estimativa para o crescimento da economia este ano.
Os prognósticos do governo são de 2,32 por cento. Qualquer revisão desse número para baixo pode preocupar o mercado, já ressabiado com a queda da produção industrial referente a novembro do ano passado, e com a produção de automóveis fraca em dezembro.
MUNDO: Com assinatura marcada para a quarta-feira (15), a primeira fase do acordo comercial entre China e Estados Unidos inclui promessas da China de comprar 200 bilhões de dólares em produtos americanos em um período de dois anos. Pequim também se compromete em não desvalorizar artificialmente o yuan. Na segunda-feira, as autoridades em Washington retiraram a China da lista de países que manipulam suas moedas, o que facilita as transações chinesas no mercado.
Na madrugada, véspera da assinatura do acordo, a China divulgou o resultado da balança comercial, mostrando um crescimento de 7,6 por cento nas exportações em dezembro, acima da projeção de crescimento de 4 por cento, após terem registrado uma queda de 1,1 por cento em novembro. As importações, que haviam crescido apenas 0,3 por cento em novembro, subiram 16,3 por cento em dezembro, acima da alta esperada de 9 por cento.
Ano começando, especialistas do mercado e das consultorias atentos aos números para refazer as contas e tentar detectar qualquer tendência para os indicadores e os preços no mercado financeiro. Sem um movimento muito definido, deverá haver uma forte oscilação de preços até que se firme uma convicção no mercado.
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