O dólar disparou na quinta-feira (7), com a queda dos juros acima do previsto e com a sinalização, pelo Banco Central (BC), de que a taxa referencial Selic poderá recuar mais 0,75 ponto percentual, caindo para perto de 2 por cento ao ano. A baixa dos juros reduziu o diferencial de rentabilidade entre os investimentos em dólar no Brasil e no Exterior. E a expectativa – o ativo mais negociado nos mercados – de uma escassez de moeda americana levou o câmbio às alturas. Essa é a explicação técnica para o comportamento do mercado.
Qual a importância desses solavancos na taxa de câmbio? Muito pouca.
Não se descarta a hipótese de o dólar superar a marca de 6 reais nos próximos dias. A relevância dessa cifra é mais psicológica.
Outro ponto é que o movimento de apreciação do dólar em relação ao real não é isolado. No caso brasileiro, o movimento vem sendo amplificado pelo ajuste na política monetária e pela incerteza política em relação à realização das reformas. No entanto, várias moedas estão perdendo força em relação ao dólar, que é a reserva de valor global.
A apreciação do dólar em relação ao real deve continuar. A inflação deverá permanecer em baixa e tudo indica que a economia deve continuar desaquecida neste futuro próximo. Nesse cenário, a taxa de juros deve permanecer estruturalmente baixa por algum tempo, o que reduzirá o movimento de vinda de recursos devido ao diferencial de taxas de juros entre o Brasil e o resto do mundo.
INTERNACIONAL – O desemprego disparou nos Estados Unidos. Os pagamentos a trabalhadores não-agrícolas (non-farm payroll), um dos indicadores mais importantes da economia americana, mostrou que o desemprego atingiu 14,7 por cento em abril ante 4,4 por cento em março, registrando níveis compatíveis com os da Grande Depressão. Em abril, 20,5 milhões de trabalhadores americanos perderam seus empregos. No entanto, apesar dos números ruins, eles foram abaixo do esperado, o que é bom.
O aumento no desemprego já vinha sendo antecipado pelos investidores e veio abaixo do esperado.
Já o avanço nas tratativas comerciais entre Estados Unidos e China, com a retomada do diálogo comercial na madrugada desta sexta-feira, animou as bolsas da Ásia. As ações subiram 2,56 por cento em Tóquio, e 0,9 por cento tanto em Xangai quanto em Seul. O pregão está fechado em Londres, mas o movimento é positivo na Alemanha.
INDICADORES – O IPCA de abril registrou uma deflação (queda de preços) de 0,31 por cento, a menor variação mensal do índice desde a deflação de 0,51 por cento registrada em agosto de 1998, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A principal razão foi a queda de 9,59 por cento no preço dos combustíveis. No acumulado do ano, a inflação medida pelo IPCA está em 0,22 por cento. Em 12 meses, o índice acumula uma alta de 2,4 por cento. A inflação baixa deverá perdurar por alguns meses, o que justifica a manutenção dos juros reduzidos pelo BC.
O movimento de alta no câmbio já era esperado, devido às perspectivas de queda nos juros e do cenário. Desde meados de março, quando o impacto da pandemia sobre a economia tornou-se mais nítido, nossas recomendações em algumas estratégias foram para aumentar a exposição a ações de empresas que ganham com o aumento da cotação do dólar. Recomendamos elevar a participação nos setores de proteína animal e commodities minerais, além dos poucos exemplos do setor industrial que são beneficiados por esse cenário. No fim do dia, conseguimos transformar o aumento do dólar em lucro para os assinantes da Levante.
Em suma, hoje será um dia de alta nos ativos locais!
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* Este conteúdo faz parte do nosso boletim diário: ‘E Eu Com Isso?’. Todos os dias, o time de analistas da Levante prepara as notícias e análises que impactam seus investimentos. Clique aqui para receber informações sobre o mercado financeiro em primeira mão.
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