Mercado reduz o espaço para o pessimismo
Contra fatos – e números – não há argumentos. Na quinta-feira (23) o Ibovespa fechou com um novo recorde, a 119.527 pontos, superando pela primeira vez a marca dos 119 mil pontos e acelerando em direção à barreira “psicológica” dos 120 mil pontos.
No sentido inverso, o dólar caiu 0,21 por cento, para 4,166 reais. E os juros futuros para janeiro de 2021, os que melhor indicam os prognósticos do mercado para a atuação do Banco Central (BC) encerrou o dia indicando taxas de 4,365 por cento ao ano, abaixo dos 4,41 por cento da véspera.
Todos esses números indicam que, apesar da ameaça de epidemia na China, das incertezas com a eleição americana e do aparente desinteresse dos investidores internacionais em trazer recursos para o País, a entidade mística conhecida como mercado (que é apenas um grupo de pessoas tentando ganhar dinheiro) está consistentemente mais otimista.
Há vários motivos para isso. Em boa parte, o mercado está balizando suas expectativas pelas declarações recentes de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC). Nos últimos dias, Campos Neto tem conversado bastante com jornalistas. E suas palavras têm sido música para os ouvidos dos investidores.
Campos Neto disse, por exemplo, que o choque nos preços da carne deve se dissipar rapidamente, e que o susto com os preços não alterou as projeções de inflação para 2020. A tradução foi um sinal muito forte de que os cortes na Selic podem continuar na primeira reunião do Comitê de Política Monetária, o Copom, marcada para fevereiro.
O presidente do BC também comentou os indicadores fracos de atividade relativos ao fim de 2019. Para ele, isso não foi uma surpresa. Campos Neto disse que os prognósticos do mercado de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano vão de 1,5 por cento a 3 por cento e o BC está esperando 2,2 por cento, ou seja, milimetricamente abaixo da média.
Fora do âmbito do governo, os indicadores mostram uma retomada da confiança. Com um aumento de um ponto em relação a dezembro de 2019, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), alcançou 65,3 pontos em janeiro. É o maior patamar desde junho de 2010.
O caminho tem seus solavancos, mas é para cima. Apesar de não se descartar a hipótese de uma realização de lucros no pregão desta sexta-feira, a trajetória da bolsa deverá permanecer de alta.
MUNDO – O feriado do Ano Novo Lunar na China começa nesta sexta-feira com o risco de contaminação em massa ainda presente. Saltou para 830 o número de chineses infectados pelo coronavírus e o número de vítimas fatais chega a 25. Nove cidades chinesas estão isoladas.
O mundo segue em alerta, mas os investidores americanos se apegaram às evidências da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que não há transmissão do vírus por contato humano fora da China e de que ainda não é preciso declarar estado de emergência. Apesar da advertência da OMS de que a situação é grave, e que que a classificação da infecção pode ser elevada para o nível de epidemia, o mercado preferiu apostar na eficácia do controle chinês.
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