Denise Campos de Toledo EECI

2022: ano desafiador, com mais indefinições que certezas | Denise Campos de Toledo

Neste começo de ano o que se vê é um cenário de muitas indefinições e poucas certezas. O que mantém os mercados voláteis e, em alguns momentos, sem justificativas mais convincentes para determinados movimentos. Foi o que se viu no meio desta semana com analistas relacionando a reação mais favorável do mercado local às falas mais conciliadoras do ex-presidente Lula, admitindo possível chapa com Geraldo Alckmin. A política, pesquisas e programas dos candidatos, além debates, certamente, daqui algumas semanas, estarão mais em foco. Mas no curto prazo há apenas movimentações de possíveis candidaturas tentando fortalecer posições para a disputa em outubro. Há uma forte tendência de polarização entre Lula e Bolsonaro, mas não se pode descartar uma terceira via, até por fatos mais substanciais que desequilibrem esse jogo de forças. Qualquer relação direta de notícias sobre os candidatos com movimentos mais fortes do mercado parecem exagero ou desculpa mesmo para acerto de posições, embora haja uma preocupação inevitável quanto ao que se pode esperar daqueles que parecem mais fortes para a disputa eleitoral.

Na verdade há muitas dúvidas, inclusive, quanto às ações do atual governo e as condições em que chegará às eleições. Iniciativas com objetivos eleitoreiros, como a proposta inicial de reajuste dos policiais, podem se transformar, como vimos, em um grande imbróglio, com implicações políticas, no que refere a sustentação da base de apoio, e econômicas, pelos reflexos do ponto de vista fiscal, que ainda é uma das grandes incertezas do cenário de 2022. Como lidar com o orçamento, com tantas pressões por mais gastos, que passam pela questão de reajustes do funcionalismo, emendas parlamentares, do relator, aumento do fundão eleitoral? Qualquer saída pode ter efeitos colaterais e repercussões políticas indesejáveis. 

Mas, voltando ao comportamento do mercado, é preciso considerar também as incertezas externas. Em meio aos recordes de inflação registrados pelo mundo, ainda se nota uma certa resistência do FED em elevar os juros, como seria necessário, podendo trabalhar mais com a liquidez, o que teria menos impacto sobre os mercados. Isso também explica, em parte, a pressão baixista no câmbio, ao longo da semana. Só que teve aquela justificativa relacionada a Lula e também é preciso considerar que a alta liquidez do mercado local, com juros mais elevados, tem assegurado fluxo maior, independentemente das limitações colocadas pelas incertezas domésticas, após a fase de aumento das remessa de lucros e dividendos do final do ano. Quem sabe um dólar menos pressionado não diminuiria também a pressão sobre a curva de juros, como ocorreu nos últimos dias, com reflexos na Bolsa, favorecendo setores cujo desempenho depende mais do crédito? 

Mesmo que tenhamos um cenário dos mais desafiadores, com perspectiva de elevação dos juros nos EUA, aumento maior da Selic pelo Banco Central, inflação ainda elevada, com expectativa de baixo crescimento, em meio a incertezas fiscais e políticas, há momentos em que o exagero nas posições mais pessimistas do mercado levam a ajustes por correção de posições, sem que haja explicações mais concretas. São ondas de diminuição do stress. Foi muito do que tivemos nos últimos dias, com o mercado dividido, por exemplo, entre a resistência do dólar em patamar mais alto ou a possibilidade de testar quedas mais acentuadas. É o tal cenário de muitas indefinições e poucas certezas que citei no início.

Ainda em relação aos juros, houve o corte das taxas na China, na tentativa de reverter a desaceleração do ritmo de crescimento. Fator que também trouxe um certo alívio nos mercados, mas sem maiores reflexos no contexto geral. 

Muito do que tem ocorrido desde o começo de janeiro apenas confirma que não vai ser um ano fácil para a economia e o mercado, o que exige muita capacidade de avaliação das possibilidades e até antecipação de mudanças de cenário. Isso vale para a gestão empresarial e dos investimentos, lembrando que no atual contexto a renda fixa voltou a ser uma opção de proteção e ganhos, pela perspectiva de continuidade do aperto da política monetária.

Leia a última coluna da Denise Campos de Toledo: Os desafios locais e globais não dão trégua | Denise Campos de Toledo.

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