No artigo de hoje, eu vou falar sobre a abertura de capital (IPO) da Uber.
Perfil da empresa
A Uber é uma empresa multinacional americana, fundada em 2009. Seu principal negócio é a prestação de serviços na área do transporte urbano, através de um aplicativo para celular, que permite a busca por motoristas baseada na localização do usuário.
Tamanho da oferta
Com a operação de abertura de capital, a Uber planeja captar em torno de US$ 10 bilhões. Nesse objetivo, o número ficaria entre as maiores captações da história dos EUA. A empresa será avaliada entre US$ 90 e US$ 100 bilhões.
Direto ao ponto
A minha recomendação é NÃO participar do IPO da Uber, pois a própria empresa afirma que provavelmente NUNCA terá lucro!
Qualquer tentativa de avaliar a empresa utilizando múltiplos de mercado, como por exemplo preço/lucro ou EV/EBITDA, acaba sendo inútil, pois a empresa tem EBITDA (lucro operacional antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) negativo e a sua demonstração de resultados é marcada por seguidos prejuízos.
Empresa de crescimento
Na hora de fazer a análise financeira para o relatório do IPO da Uber, pensei: estamos falando de uma empresa focada em crescimento, que precisa ter uma tarifa baixa cobrada através do seu aplicativo de mobilidade para ganhar mercado (por exemplos dos táxis e os próprios concorrentes). Essa é a razão principal da Uber não conseguir gerar resultado positivo.
Síndrome de Peter Pan
Como a empresa está sempre crescendo e entrando em novos mercados de atuação (ex: patinetes elétricos e delivery Uber Eats) em outras regiões do planeta (ex: Taiwan), a estratégia de negócios da Uber nunca amadurece, ou seja, não precisa se preocupar com geração de lucros e a necessidade de planejamento estratégico.
Cinco alertas para ficar de fora do IPO
- As ações da sua principal concorrente Lyft, que abriu o capital recentemente nos EUA, apresentaram queda superior a 25% desde o IPO.
- O caixa é o rei! A Uber já queimou bastante caixa para fazer a operação rodar, foram realizadas 22 rodadas de investimento desde o início. Aliás, o principal motivo para fazer o IPO é levantar caixa para poder financiar a sua operação no futuro.
- Desaceleração do crescimento futuro. Nos últimos três trimestres de 2018, a receita líquida não apresentou crescimento em relação ao trimestre anterior, uma redução significativa no ritmo de crescimento.
- Como dizem lá no interior: a Uber parece mais um peixe médio num lago pequeno. Explico: existe um viés no Brasil e nos EUA de que a Uber é maior do que realmente é devido à forte presença nestes dois países.
- As próximas rodadas de investimento serão cada mais difíceis de serem realizadas devido ao valor de mercado atual.
Próximas rodadas
Como a empresa não gera lucro e vai continuar queimando caixa, a Uber precisará realizar mais oferta de ações (follow-on) no futuro, o que geralmente nunca se mostra positivo para os atuais acionistas.
Dificilmente algum venture capital (gestoras de investimentos que investem em empresas em desenvolvimento) irá fazer uma nova rodada de investimento na Uber por três motivos principais: i) eles já estão pensando no momento desinvestimento; ii) valuation já está extremamente alto; e iii) alto volume da rodada
No final alguém tem que pagar a conta
A história do Uber é muito bonita: uma empresa de tecnologia, com modelo de negócio disruptivo, socialmente sustentável e que ainda ajuda na qualidade do trânsito.
Faltou apenas um detalhe essencial: gerar lucro para os seus acionistas.
Como diriam os economistas: “não existe mobilidade urbana de graça”.
Relatório do IPO da Uber
A Levante preparou um relatório especial sobre a abertura de capital (IPO) da Uber, com todas as informações que você precisa saber sobre a empresa. O relatório completo está aqui.
O conteúdo faz parte da nova série de investimento da Levante: oTech Explorer. O objetivo é buscar oportunidades de lucros em startups inovadoras e promissoras.
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