Na manhã da sexta-feira (27), Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, disse o que investidores de todas as latitudes queriam ouvir. Em um discurso proferido no seminário realizado todos os anos em Jackson Hole, uma estação de esqui no remoto estado do Wyoming, Powell trouxe duas informações. Uma delas, mais ou menos esperada, é que o Fed deve reduzir a injeção de dinheiro na economia por meio da compra de títulos públicos e imobiliários ainda neste ano. “A economia [americana] chegou a um ponto em que não precisa mais de tantas políticas de estímulo”, disse Powell.
Desde o início da pandemia, o Fed vem comprando 120 bilhões de dólares nesses papéis todos os meses de modo a manter a economia americana girando e impedir um travamento das engrenagens do crédito. Mesmo não sendo necessariamente positiva para os mercados, essa notícia era mais ou menos esperada, e sua confirmação retirou um componente de incerteza. Com base em declarações de outros funcionários do Fed, um anúncio de redução pode ocorrer já na próxima reunião do Federal Open Market Committee (Fomc), marcada para os dias 21 e 22 de setembro.
Porém, o que agradou em cheio os investidores foram as declarações de Powell de que essa redução nas compras “não deve ser entendida como um sinal de elevação das taxas de juros”. Para tomar essa decisão, disse Powell, o Fed ainda terá de submeter a economia americana a testes específicos e rigorosos. E, mesmo na linguagem cautelosa e propositadamente técnica dos banqueiros centrais, ele foi bastante claro. “Ainda temos um longo caminho a percorrer para chegar ao máximo do emprego”, disse ele.
Pausa para explicação. Apesar de o nosso Comitê de Política Monetária (Copom) ter sido inspirado no Fomc, a atuação, a formação e o escopo de ambos são muito diferentes. O Copom é formado por funcionários de carreira e diretores do Banco Central do Brasil (BC). Todos os diretores votam, e as votações tendem a ser unânimes. No caso do Fomc, ele é formado por 18 participantes, pertencentes aos 12 braços regionais do Fed que compõem o Sistema da Reserva Federal. Nem todos os participantes do Fomc têm direito a voto, embora possam participar das discussões. Isso abre um espaço maior para dissidência e discordância do que no nosso Copom. E, nos últimos meses, o Fomc esteve claramente dividido.
Cerca de um terço dos participantes vinha defendendo uma política monetária frouxa. São os “pombos”, ou “doves”, em inglês. Outro terço vinha propondo um endurecimento da política monetária no curto prazo, para conter a inflação. São os “falcões”, ou “hawks”. E o terço restante, que inclui o próprio Powell, não manifestava claramente uma opinião. Com as declarações da sexta-feira, ficou claro que o Fed está diferenciando estímulo monetário por meio da injeção direta de recursos na economia de estímulo por meio da manutenção dos juros baixos.
Há boas razões para fazer essa distinção. O impacto da compra de títulos se restringe a alguns segmentos do mercado financeiro, ao passo que juros perto de zero exercem seu efeito sobre a economia como um todo. O problema é que o excesso de dinheiro na economia faz seu valor diminuir em relação ao dos ativos reais e financeiros. Isso provoca o fenômeno de alta de preços conhecido como inflação. A meta de inflação do Fed é de 2 por cento ao ano, e os índices estão rodando muito acima disso.
O Consumer Price Index (CPI), que corrige as aposentadorias e muitos contratos, indicou uma alta de 0,5 por cento em julho. Em 12 meses, a inflação acumulada pelo CPI está em 5,4 por cento, o maior percentual desde agosto de 2008. Assim como no Brasil, a inflação pelo CPI está muito acima da meta, o que vem provocando alertas de economistas americanos e de críticos da política monetária expansionista.
No entanto, o Fed observa outro índice de preços para conferir se está fazendo seu trabalho direito. É o Personal Consumption Expenditures (PCE). Diferentemente do CPI, o PCE é calculado pelo Bureau of Economic Analysis (BEA), ligado ao Ministério do Comércio, e tem algumas semelhanças com o nosso IBGE.
Na sexta-feira (27), o BEA divulgou que o PCE de julho indicou uma inflação de 0,4 por cento na comparação com junho. Na base anual, a expansão foi de 4,2 por cento. O “núcleo” do PCE, que exclui as variações de preços mais voláteis, como alimentos e energia, subiu 0,3 por cento. Em 12 meses, a alta acumulada está em 3,6 por cento. Ou seja, apesar de o CPI estar acelerando, o PCE – que funciona mais ou menos como o nosso IPCA – não está tão pressionado.
Isso permite que o Fed mantenha os juros baixos para cumprir a segunda parte de seu mandato. Diferentemente do BC, que tem apenas de cumprir a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o Fed tem duas tarefas. Ele não apenas tem de cumprir a meta de inflação, ele tem de fazê-lo mantendo a menor taxa de desemprego possível. Ou seja, as declarações de Powell defendendo um pouco mais de paciência com a inflação soam menos irresponsáveis do que poderiam parecer à primeira vista.
Qual a conclusão de tudo isso? A que os mercados mostraram na sexta-feira (27), quando o Ibovespa voltou a superar 120 mil pontos no fechamento. Um Fed mais “paciente” com a inflação significa juros baixos por bastante tempo. E a retirada da incerteza de quando começaria a redução das compras de títulos também permite prever que o ambiente benigno nos mercados internacionais deve perdurar por um pouco mais de tempo.
Nesse contexto de maior ânimo nos mercados, o reflexo (como já vimos brevemente hoje) deve ser positivo por aqui.
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Equipe Levante.