Na semana passada eu estava conversando com o meu sócio Felipe Bevilacqua e o assunto da conversa era: o que é ser milionário para você? Com quanto dinheiro você deixaria de trabalhar?
Imediatamente pensamos na renda que seria necessária para vivermos confortavelmente e qual seria o patrimônio necessário para a aposentadoria. Como poupar para atingir a tão sonhada independência financeira?
Esse será o assunto da coluna de hoje e pretendo apresentar a você, leitor, um dos melhores livros sobre o assunto: “O milionário mora ao lado”, de Thomas J. Stanley e William D. Danko.
O livro é uma pesquisa sobre os milionários do Estados Unidos, quais hábitos de vida e como eles obtiveram a sua riqueza.
“A riqueza é medida de acordo com aquilo que você poupa, não com o quanto você ganha”.
Esse livro foge daquele estereótipo de “como ficar rico” e tem uma visão mais educativa e diferente de se enxergar os milionários.
Por exemplo, o carro que os milionários têm é um Ford Explorer usado, e não um carro esportivo caro como uma Ferrari.
O termo “frugal” é o mais adequado neste caso, pois os milionários americanos não parecem milionários, ou seja, a independência financeira é mais importante que status social.
Parece bastante óbvio, mas o essencial é gastar menos do que se ganha e investir a diferença.
Número mágico para ser milionário
Os autores do livro criaram uma fórmula baseada na taxa de poupança para determinar se uma pessoa já acumulou um patrimônio suficiente durante a vida para ter independência financeira.
A fórmula mágica é a seguinte: renda anual (líquida de Imposto de Renda) multiplicada pela sua idade e, em seguida, o resultado dividido por 10. Esse é o patrimônio necessário para poder viver sem trabalhar e atingir a independência financeira.
Exemplo prático do cálculo do patrimônio: salário mensal de R$ 15.000, idade 40 anos, considerando imposto de renda de 27,5%.
Conta feita no “papel de pão”: R$ 15.000 x (1-27,5%) x 12 x 40/10 = R$ 522.000. Esse é patrimônio necessário neste exemplo para atingir a independência financeira.
Renda Passiva
Agora eu irei fazer a conta ao contrário. Ou seja, partir da renda mensal desejada para definir qual o patrimônio necessário para ter esse rendimento.
A renda passiva é colocar o seu dinheiro para trabalhar por você e manter o seu poder de compra no longo prazo.
Por exemplo, o ponto de partida é uma renda mensal de R$ 10.000, líquida de Imposto de Renda. O rendimento das aplicações financeiras de longo prazo é de 5%. Nesse caso, eu considerei o rendimento real acima da inflação para manter o poder de compra do dinheiro.
Qual é o patrimônio necessário para gerar essa renda mensal de R$ 10 mil?
Novamente, a conta é bem simples: R$ 10.000 x 12 / 5% = R$ 2.400.000.
Efeito do dinheiro no tempo
O caminho para a conquista da riqueza não é rápido, mas é bastante simples.
Segundo a música dos Rolling Stones: “Time is on my side”, ou seja, a boa notícia é que o tempo está ao seu lado.
O que eu quero dizer com isso? Os juros compostos podem te ajudar e muito na acumulação de capital.
Você leitor deve estar pensando: “2,4 milhões de reais é muito dinheiro, como eu faço para acumular esse patrimônio?”.
Vamos supor que a taxa de poupança é de 15%, ou seja, dos R$ 10.000 de renda mensal a poupança é de R$ 1.500 por mês.
Em quanto tempo é possível acumular R$ 2,4 milhões, poupando R$ 1.500 por mês, com taxa de juros real (acima da inflação) de 5% ao ano?
Aqui, eu estou usando a matemática financeira – a velha calculadora HP 12C.
Resultado: são necessários 41 anos para acumular R$ 2,4 milhões com uma poupança mensal de R$ 1.500.
Caro leitor, não desanime, pois na minha conta eu considerei que a renda não aumenta ao longo do tempo.
Se você trabalhar, aumentar a sua renda e, principalmente, gastar menos do que você ganha, atingirá a sua independência financeira em menos tempo do que imagina.
Na próxima coluna eu irei falar do modelo CAPM (capital asset pricing model) e custo médio ponderado de capital (WACC).
Minha missão é te ajudar a entender mais sobre Value Investinge análise fundamentalista de empresas. Por isso, continue acompanhando a minha coluna e não esqueça: se você ficou com alguma dúvida, é só mandar um e-mail para o endereço[email protected].
Conte comigo e até breve!
Um grande abraço,
Eduardo Guimarães