Devido à globalização da economia, estamos inseridos em um contexto no qual um conflito nas gélidas terras da Ucrânia, no extremo-leste europeu, pode afetar os resultados de diversas companhias listadas na B3 – a Bolsa brasileira.
Isso se deve, primeiramente, ao fato de que as nações envolvidas na guerra são produtoras relevantes de alguns insumos importantes para cadeias produtivas globais das quais o Brasil faz parte.
A Ucrânia é uma grande produtora de grãos, com destaque para a sua importância na produção de milho e cevada. Assim, a escassez desses insumos afeta tanto empresas do setor pecuarista, que dependem do milho para produzir a ração dos rebanhos, quanto do setor de bebidas, que tem na cevada e no milho duas matérias-primas indispensáveis.
Já a Rússia é uma das maiores produtoras de trigo do planeta e fornece mais de 20% do total de fertilizantes utilizados pelo agronegócio brasileiro. O aumento do preço do trigo tende a pressionar as margens de diversos produtos alimentícios, podendo prejudicar o desempenho de empresas do setor, enquanto a escassez de fertilizantes representa um risco para a produção agrícola, que é um dos pilares da economia brasileira.
Além disso, ambos os países possuem uma participação relevante no setor siderúrgico, e quem está tentando preencher a lacuna deixada neste mercado é a China, que tem retomado o aumento da produção de aço em seu território.
Com empresas chinesas em busca de insumos para a siderurgia, os preços do minério de ferro voltaram a subir, em um movimento que deve favorecer as mineradoras brasileiras, que têm a China como principal compradora.
Por fim, a Rússia é uma potência energética, que se destaca como uma grande produtora de petróleo e uma das maiores exportadoras de gás natural do planeta, sendo peça-chave no fornecimento do insumo para as nações europeias.
A disparada do preço do petróleo tem sido um dos efeitos colaterais mais comentados desde o início da guerra, e esse movimento tem favorecido as empresas que atuam na exploração e refino da commodity.
Caso se pudesse eleger uma palavra para definir o complexo cenário atual, ela seria: incerteza. Podemos, por ora, mover apenas algumas peças no xadrez que se desenvolve no mundo dos investimentos. E, é claro, apenas na primeira casa.
Avançar uma casa a mais requer paciência – será necessário acompanhar, no dia a dia, o desenrolar dos acontecimentos geopolíticos para realizar movimentos certeiros e estratégicos de alocação.
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Equipe Levante
