Final de ano está chegando e o aplicativo de música Spotify já disponibilizou a lista das minhas 100 músicas mais tocadas em 2018. Assim como cada pessoa tem a trilha sonora da sua vida, cada investidor tem a sua seleção de investimentos.
Escolher uma carteira com os melhores investimentos é como fazer uma lista com as melhores bandas da história. Beatles ou Rolling Stones? Qual é melhor? Quais são as melhores bandas para se ouvir na praia? Cada investidor/músico tem uma opinião e esse consenso pode mudar muito rapidamente conforme a situação de mercado.
Os meus critérios para escolher os investimentos em ações
Eu pretendo te explicar quais são os meus critérios fundamentalistas mais importantes que utilizo para analisar uma empresa e escolher a minha carteira de ações.
Na coluna de hoje, falarei sobre um dos critérios mais importantes da análise fundamentalista: o nível de endividamento de uma empresa.
O boleto sempre vence
Uma empresa não é muito diferente de uma pessoa física normal. Quem tem muita dívida, tem muita conta para pagar, portanto, não tem muito dinheiro sobrando para investir ou gastar com aquela viagem de Ano Novo. Ainda mais que a taxa de juros no Brasil sempre foi muito alta, com taxa de juros do cheque especial em absurdos 325% ao ano.
O Brasil sempre foi o país das altas taxas de juros
A Selic já atingiu incríveis 26% por ano num passado não tão distante em 2003. No início do Plano Real, quando a taxa de câmbio era fixa, a taxa de juros precisou ser elevada para patamares superiores a 40% ao ano. Atualmente, a taxa Selic está no nível mais baixo da história (6,5% ao ano), mas o custo dos financiamentos ainda é muito alto no Brasil.
Endividamento líquido
A dívida líquida de uma empresa é calculada da seguinte forma: endividamento bruto menos (-) caixa e aplicações financeiras. No cálculo da dívida bruta total devem constar os financiamentos, debêntures e outras dívidas, tanto no curto como no longo prazo, subtraídos do saldo em caixa e aplicações financeiras.
Como medir o grau de alavancagem de uma empresa?
O grau de endividamento de uma empresa pode ser medido através de dois indicadores fundamentalistas principais: i) relação endividamento líquido/Ebitda (últimos 12 meses) e; ii) relação endividamento líquido/patrimônio líquido.
O primeiro indicador expressa em quanto tempo (meses ou anos) a geração de caixa de uma empresa (medida pelo Ebitda) equivale ao seu endividamento. No segundo indicador, o endividamento líquido da empresa é comparado ao seu patrimônio líquido.
Cada setor de atuação tem um indicador mais utilizado
A maioria dos setores das empresas listadas na Bolsa de Valores (bens de capital, consumo, varejo, commodities e energia elétrica) utiliza este indicador de endividamento: dívida líquida/Ebitda.
Dois setores são exceção: setor bancário e de construção civil, que utilizam indicadores diferentes de endividamento: índice de Basiléia para os bancos e dívida líquida/PL para as incorporadoras imobiliárias.
Limite do nível de endividamento
Na minha opinião, um índice de endividamento líquido/Ebitda pode ser considerado alto a partir do nível de 3,0-3,5 x. Dificilmente eu coloco na minha carteira de ações uma empresa com alto nível de endividamento, pois o nível de rentabilidade da empresa não será alto. Quanto mais baixo o grau de endividamento, melhor para a rentabilidade da companhia e mais eu gosto da empresa.
Outra forma de se medir o nível de endividamento de uma empresa
Outro indicador de alavancagem financeira bastante utilizado é o índice de cobertura de juros, que é calculado da seguinte forma: Ebit/despesas financeiras líquidas (resultado financeiro). Esse indicador mede a capacidade da empresa de fazer os pagamentos de juros da sua dívida.
Trazendo para o mundo da pessoa física: comparar o valor que você paga de juros da dívida (carnê) em comparação ao que sobra do seu salário depois de todas as suas despesas do orçamento familiar.
Como o nível de endividamento afeta a rentabilidade de uma empresa
Uma forma de medir o impacto do endividamento no resultado de uma empresa é medir o tamanho das despesas financeiras em relação à receita líquida da companhia. Quanto maior for a dívida, mais representativas serão as despesas financeiras em relação à receita líquida, o que acaba reduzindo a rentabilidade da empresa em termos de margem líquida (lucro líquido dividido pela receita líquida).
Cenas dos próximos capítulos
Nas próximas colunas eu irei falar dos outros critérios fundamentalistas para escolher as empresas da minha carteira de ações.
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