Hoje irei falar sobre o processo de recuperação judicial da empresa concessionária de Rodovias Tietê. Tratarei do possível calote de mais de R$ 1,0 bilhão em debêntures incentivadas de infraestrutura emitidas pela companhia. Se confirmada, a inadimplência vai afetar mais de 18 mil investidores pessoas físicas.
Com o vencimento antecipado declarado no dia 8 de novembro e o não pagamento da dívida, foi realizada a marcação a mercado das debêntures, que tiveram o seu valor reduzido para zero (calote) nos fundos de investimento no mercado.
Você sabe o risco que está correndo ao investir?
O título do texto de hoje é uma frase de Warren Buffett, o maior investidor do mundo, conhecido como o “Oráculo de Omaha”. Essa frase é bastante aplicável ao caso da Rodovias Tietê. Tenho certeza de que a maioria dos investidores não tinha a menor ideia do risco que corria quando investiram nas debêntures incentivadas (isentas de imposto de renda) de infraestrutura da concessionária.
Aqui pretendo listar três grandes riscos que os investidores muito provavelmente não levaram em consideração ao investir nessas debêntures: risco de liquidez, risco de crédito e risco de execução da empresa de concessão.
“Para encurtar a história: quando ouvimos algo bom demais para ser verdade – não é” Tenente Aldo Raine, do filme Bastardos Inglórios.
Quem investiu nas debêntures incentivadas em 15 de junho de 2013 (estreia da Tietê) contratou um polpudo rendimento de IPCA+8% ao ano, com isenção de imposto de renda, bem acima da remuneração dos títulos públicos Tesouro Direto IPCA+ (antiga NTNB), que pagavam, à época, IPCA+ 5,5% ao ano.
A diferença de rentabilidade entre as debêntures e os títulos do Tesouro Direto de base equivalente era bastante grande, especialmente após os impostos. Considerando-se a mesma base de comparação, o prêmio pago pelas debêntures era de 3,3 pontos percentuais, usando-se como referência que o rendimento dos títulos do Tesouro Direto seria tributado em 15% (o Imposto de Renda para aplicações de prazo superior a 24 meses). Em base comparável: IPCA+ 8,0% ao ano para as debêntures da Tietê (isento de impostos) versus Tesouro Direto IPCA+ 2024 com rendimento, após impostos, de 4,7% acima da inflação (IPCA).
A debênture tem um rendimento bruto de 3,3 pontos percentuais acima do rendimento do Tesouro Direto (IPCA+). Parece bom demais para ser verdade, não é mesmo, tenente Aldo Raine?
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