A Vale divulgou nesta quarta-feira (29), após o fechamento do mercado seus números referentes ao segundo trimestre de 2020. O resultado veio em linha com as expectativas em termos de receita líquida, Ebitda e geração de caixa.
O destaque positivo foi a retomada da política de distribuição de dividendos. A Vale aprovou o pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) deliberado em dezembro de 2019 no valor de 1,41 reais por ação a ser pago em setembro, o que equivale a um Retorno líquido do Provento de 1,9 por cento. O último provento pago havia sido em setembro de 2018, antes do acidente de Brumadinho
A Vale deverá voltar a pagar dividendos/JCP mínimo a ser deliberado em setembro de 2020.
A geração de caixa operacional foi de 277 milhões de dólares no período e, apesar de poder ser vista como positiva em um trimestre impactado pelo COVID-19, foi um destaque negativo, dado que está consideravelmente abaixo do seu potencial. A empresa teve sua geração de caixa impactada pela grande quantidade de vendas para China ( CFR ) no trimestre, o que levou a um consumo de 1 bilhão de dólares de capital de giro. No entanto, este efeito deve se reverter nos próximos trimestres.
Em geral o resultado da Vale foi mediano e em linha com as expectativas. Porém, nós esperamos impacto positivo no preço das suas ações (VALE3) no curto prazo, pois a volta da política de distribuição de proventos antes do previsto pelo mercado marca mais uma etapa de superação da companhia após o desastre de Brumadinho.
A receita líquida de 7,5 bilhões de dólares (queda de 18 por cento na comparação anual) já era esperada, pois a companhia já havia divulgado seu desempenho operacional na última semana indicando uma redução no volume de produção e vendas de minério e dos outros metais. Já o Ebitda ajustado (deduzindo despesas com Brumadinho e doações) foi de 3,6 bilhões de reais, em linha com as estimativas do mercado. A margem Ebitda fechou o período em 45 por cento, 11 p.p a mais que no 2T19 e 4 p.p a mais que no 1T20.
O desempenho da sua unidade de minério de ferro melhorou no trimestre, embora permaneça bem abaixo do seu potencial em termos de volumes e custos. A divisão de Ferrosos teve um desempenho em linha às expectativas do mercado, com EBITDA de 3,5 bilhões de dólares. As vendas totais de minério de ferro (finos + pelotas) foram de 61,6Mt, aumento de 4% na comparação trimestral. O resultado ainda não teve brilho, sendo impactado por retrocessos no Sistema Norte , impactos do COVID-19 e capacidades ociosas. Porém, para frente os embarques devem melhorar substancialmente .
Do lado dos custos, o custo caixa C1 de minério de ferro da empresa cresceu mais uma vez, vindo em 17,1 dólares por tonelada, acima dos 16,2 dólares por tonelada reportados no 1T20. Os custos foram impactados negativamente devido aos efeitos antecipados no relatório do 1T20, tais como o consumo de estoques com custos médios de produção mais altos do 1T20 e impactos do COVID-19.
A Vale espera que o custo C1 de minério de ferro caia no segundo semestre de 2020 chegando a 14,5 dólares por tonelada. O número é 0,5 dólares por tonelada acima da orientação anterior da empresa para o mercado.
Os preços realizados de minério de ferro ficaram em linha as expectativas do mercado vindo em 88,9 dólares por tonelada. O valor, representa um leve desconto em relação aos preços médios de referência, que foram de 93,3 dólares por tonelada no período, mas é um bom nível de realização de preços.
A Vale fechou o 2T20 com sua dívida líquida praticamente estável em 4,7 bilhões de dólares. Agora, a sua relação dívida líquida/Ebitda está em 0,3x, um número bem confortável.
Apesar do resultado mediano, a Vale segue beneficiada pelo cenário de forte demanda chinesa por minério de ferro e real desvalorizado. Após um primeiro semestre desafiador, a tendência é que o segundo semestre seja melhor, com maior volume de produção e vendas (ajudadas pela Sazonalidade), maior geração de caixa e mais proventos aos acionistas.
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