análise do governo – Levante Ideias de Investimentos https://levanteideias.com.br Recomendações, análises e carteiras de investimentos para maiores rentabilidades. Fri, 10 Sep 2021 21:29:23 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.1.1 https://levanteideias.com.br/wp-content/uploads/2018/02/cropped-avatar_lvnt-32x32.png análise do governo – Levante Ideias de Investimentos https://levanteideias.com.br 32 32 A arte da paz | Política sem Aspas https://levanteideias.com.br/politica-sem-aspas/a-arte-da-paz https://levanteideias.com.br/politica-sem-aspas/a-arte-da-paz#respond Fri, 10 Sep 2021 23:00:00 +0000 https://levanteideias.com.br/?p=30838 Importante livro na história do pensamento militar, “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu – um general do estado de Wu, na China, que nasceu e viveu por volta do século V Antes de Cristo –, é muitas vezes utilizado como referência para construir estratégias em diversos processos de tomada de decisão. Nos seis primeiros… Read More »A arte da paz | Política sem Aspas

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Importante livro na história do pensamento militar, “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu – um general do estado de Wu, na China, que nasceu e viveu por volta do século V Antes de Cristo –, é muitas vezes utilizado como referência para construir estratégias em diversos processos de tomada de decisão.

Nos seis primeiros capítulos do livro, por exemplo, Sun Tzu aborda aspectos desta natureza – desde o estabelecimento de planos, passando por disposições táticas e o uso da energia, até o mapeamento de pontos fortes e fracos. Afinal, um campo de batalha é também um grande tabuleiro de xadrez. E a política, assim como a guerra (e o xadrez), é um jogo de estratégia.

É comum, nesse sentido, parte dos atores políticos nortearem suas estratégias de atuação com base em ensinamentos militares. Por exemplo, da mesma forma em que ocorrem recuos em batalhas campais, com o intuito de preservar força de combate e evitar uma derrota completa, no mundo político existem recuos estratégicos, visando objetivos maiores dentro de um quadro mais amplo.

Nesta conturbada semana, vimos, em Brasília, o presidente Bolsonaro “esticar a corda” mais uma vez e, apenas dois dias depois, recuar de sua decisão. Nesse caso, o que não é comum, entretanto, é que a decisão de pacificar os ânimos foi tomada por um terceiro – o ex-presidente Michel Temer –, demonstrando que: ou o atual presidente cometeu um erro estratégico grosseiro, ou ele sequer tem capacidade de leitura sobre as batalhas que se desenrolam em Brasília.

Se as manifestações do dia da Independência saíram completamente conforme o nosso roteiro indicava, ao mesmo tempo, os efeitos imediatamente posteriores foram de forte reação do Legislativo e Judiciário. Os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, criticaram as falas de Bolsonaro no 7 de setembro – o segundo, inclusive, em uma das mais duras notas que um magistrado do Supremo já escreveu. Arthur Lira, presidente da Câmara, contemporizou, mas sem deixar de mencionar que a desarmonia entre Poderes é prejudicial a todos.

Fato é que o resultado do feriado foi o aprofundamento da crise político-institucional entre o Supremo Tribunal Federal e o Executivo e, na prática, total paralisação da agenda governamental no Congresso. Os primeiros efeitos repercutiram muito negativamente no mercado financeiro, em meio às notícias de que todas as pautas reformistas estariam virtualmente enterradas e a questão dos precatórios não avançaria por meio de acordo entre os três Poderes.

Houve alertas feitos pelos principais articuladores políticos do Planalto sobre os riscos da má-relação entre Poderes e também avisos de líderes partidários de que, dada a conjuntura, ficaria mais difícil conter a pressão pelo avanço de pedidos de impeachment do presidente.

Nesse contexto, apenas dois dias após as manifestações, Bolsonaro recuou dos seus ataques ao Judiciário e divulgou nota sugerindo o apaziguamento entre Poderes. Intitulado de “Declaração à Nação”, o documento afirmou que o Presidente da República nunca teve a intenção de agredir quaisquer dos Poderes, que as pessoas que exercem o poder não têm o direito de “esticar a corda” e que suas palavras recentes foram proferidas no calor do momento. Ainda, Bolsonaro reiterou o respeito pelas instituições da República e disse estar disposto a manter diálogo permanente com elas “pela manutenção da harmonia e independência entre os Poderes”.

Basicamente, uma postura 100% antagônica com o Bolsonaro que esteve presente em Brasília e em São Paulo e fez, especialmente na segunda capital, um discurso bastante inflamado. Há quem argumente que a assinatura da Declaração à Nação foi uma mera formalidade e que não há compromisso algum com o tom apregoado nos breves parágrafos. De fato, é possível imaginar o presidente vivendo um gigantesco dilema interno: conversar com suas bases e alimentar desejos autoritários – algo que sempre presente em toda sua trajetória política – ou jogar o jogo como ele deve ser jogado, sob pretexto de não se isolar nestes 15 meses restantes.

Por curiosidade, a carta veio a público após almoço com o ex-presidente Michel Temer e horas de conversas com ministros palacianos. Bolsonaro enviou um avião para São Paulo com o intuito de buscar o ex-presidente para a conversa – e foi Temer que redigiu um rascunho e sugeriu a publicação da declaração. O presidente sempre manteve conversas com o emedebista, mas o gesto recente é um “mea culpa” atestando sua incapacidade política.

O recuo repercutiu positivamente no ministério da Economia, que tem uma série de propostas em tramitação no Congresso, entre os presidentes das Casas Legislativas e no mercado financeiro, mas é sempre bom lembrar que Temer já gastou seu capital político nesta investida. Caso a tensão volte a subir por conta de Bolsonaro, nem mesmo o ex-presidente fará esforços, ainda que seja iluminado pelo melhor do espírito público, para contornar novamente a situação.

Não se sabe se o presidente leu ou não leu os ensinamentos de Sun Tzu. Por outro lado, ele, como ex-militar, tem a mania de enxergar conflitos como guerras e adversários como inimigos. Todo o imaginário em torno de sua figura perpassa o militarismo e demonstrações bélicas – da arminha feita com suas mãos aos discursos invocando fantasmas e pintando-os como os verdadeiros inimigos da nação. Recuar, para os bolsonaristas, foi visto como um gesto de fraqueza e covardia.

A Arte da Guerra é um excelente livro para absorver algumas reflexões sobre relações interpessoais, estratégias e objetivos. No entanto, está sob um contexto de conflito armado e por isso não se aplica a toda e qualquer situação cotidiana. Os maiores políticos da história são conhecidos pelos seus dons conciliadores e a dose precisa de pragmatismo e  Bolsonaro já não deve entrar para esse seleto rol. Diferentemente de uma situação de guerra, onde a vitória de um significa a derrota (ou até a destruição) de outro, desta vez se o recuo for definitivo todos sairão ganhando.

Leia a minha última coluna para ficar por dentro do que movimenta Brasília: Um novo sete de setembro | Política sem Aspas.

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Todo mundo sabe da história contada da Independência do Brasil. Às margens do Rio Ipiranga, Dom Pedro I teria apontado, do alto de seu cavalo, a espada em riste e ratificado a ordem de separação do Brasil de sua colônia portuguesa, com o consagrado “Independência ou morte”.

Essa memória, porém, é mais presente no imaginário da população brasileira do que propriamente nos registros históricos. Não há evidências de que o grito do Ipiranga foi proferido e, na verdade, conta-se que o imperador estava sofrendo de problemas intestinais – concretizando um 7 de setembro, no mínimo, constrangedor.

Em 1888, o artista Pedro Américo pintou o quadro que hoje representa o gesto oficial de independência do Brasil. De fato, por vezes a realidade pode ser muito tediosa. Exatos 199 anos depois, observamos um presidente usando do mesmo ufanismo para mobilizar seus apoiadores a irem às ruas das principais capitais do País.

Ao afirmar que existem apenas três possibilidades para seu futuro, “estar preso, ser morto ou a vitória”, Bolsonaro indiretamente apela para o emocional de seus apoiadores – que consideram as duas primeiras alternativas desfechos trágicos – e tenta criar uma narrativa de libertação nos mesmo moldes do episódio que deu origem ao feriado do 7 de setembro.

Curioso é perceber que a realidade pode, mais uma vez, ser muito menos impactante do que o discurso que a precede. O presidente incita manifestações contra outros Poderes e pede para a população dar “um recado para o Brasil e para o mundo, dizendo para onde esse país irá”. Um olhar atento, contudo, pode levar a crer que existe uma minuciosa estratégia traçada por detrás do evento, que visa beneficiar mais o presidente do que trazer qualquer tipo de ruptura.

Mais do que um novo sete de setembro, Bolsonaro tem objetivos mais importantes com as manifestações por ele promovidas neste próximo feriado. Além de confrontar e intimidar, em nome de uma suposta justiça, as instituições que servem, recorrentemente, de contrapeso às suas vontades, a ocupação das ruas na próxima terça-feira (7) servirá de vitrine para que o atual governo e seus apoiadores demonstrem força política, de olho em 2022.

Se, enquanto nos aproximamos da marca de um ano até às eleições do ano que vem, a avaliação do atual mandato segue nas mínimas históricas, ao mesmo tempo os 20% a 25% de apoio a Bolsonaro – seu núcleo duro eleitoral – parecem ser suficientes para colocá-lo contra o ex-presidente Lula em um eventual segundo turno. O cenário perfeito para ambos, já que Lula acredita que pode colher frutos do antibolsonarismo, e vice-versa.

Nesse contexto, os alertas para que o presidente modere seu discurso visando ganhar apoio de maior parcela do eleitorado são tão inócuos quanto os apelos para que as manifestações do 7 de setembro não sejam violentas. Fato é que, com a autorização da justiça para que a oposição também organize protestos no mesmo dia, vai depender muito mais do calor do momento (e, claro, da força policial) para que não haja confronto entre os participantes.

Está posto, ainda, que a agenda do 7 de setembro é também um projeto de longo prazo que vem sendo construído pelo atual presidente e movimentos de direita conservadora. Longe do PSDB e de outros partidos cuja origem se remete à antiga direita brasileira (como o PFL, entre outros), uma nova direita tenta se consolidar no cenário político brasileiro. É um grupo que não tem muito interesse na dinâmica coletiva de sociedade, que exacerba os direitos individuais e que não nutre apreço pela Constituição Federal de 1988 e o marco institucional que ela representou para o País.

Com efeito na experiência de Donald Trump e o Partido Republicano, a estratégia bolsonarista é ir muito além de 2022. Em caso de reeleição, mantendo-se no poder; em caso de derrota nas urnas, não reconhecendo o resultado e preparando uma eventual volta para a política em pleitos posteriores.

Desse modo, não há risco de ruptura justamente porque também não interessa aos movimentos bolsonaristas perder a legitimidade e o direito a ocupar as ruas. É provável, no entanto, prever mensagens mais enfáticas de seus apoiadores – das mais generalizadas, contra o status quo, até as mais direcionadas, a ministros do Supremo Tribunal Federal, por exemplo.

Por outro lado, há uma narrativa homérica em torno das manifestações, que ajuda a conectar o presidente com suas bases e incentivá-las a participar. Nesta semana, Bolsonaro afirmou que “nunca outra oportunidade para o povo brasileiro foi tão importante ou será importante quanto esse nosso próximo 7 de Setembro.” Em que pese toda a catarse envolvida, a realidade não deve comparar as manifestações àquelas que precederam o impeachment de Dilma Rousseff – as maiores já registradas na história brasileira.

Dado toda a conjuntura atual, o mercado prefere tomar cautela extra para o feriado. Ainda mais por conta do feriado do 6 de setembro (Labor Day) nas bolsas americanas, será provável alguma realização no pregão da véspera e, a depender do desfecho, durante o resto da semana.

Não espere, no entanto, grandes mudanças no cenário político atual. Os desafios continuam grandes, o país continua crescendo pouco, reformas permanecem paralisadas e os governantes atendem mais seus próprios interesses do que os interesses da população.

Leia a minha última coluna para ficar por dentro do que movimenta Brasília: Taleban, geopolítica e poder | Política sem Aspas.

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